O assunto “um motivo pra se viver” parece ser banal, sem fundamento, sem razão de ser, enfim. Mas, não é bem assim. Os problemas que afligem o país e o mundo, de um modo geral, são causados pelo homem. E daí? Quem vai se importar com isso? Aí é que está o maior de todos os problemas: ninguém. O aquecimento global, o auto índice de violência, os interesses gananciosos pelo poder a qualquer custo, a falta de responsabilidade e a perda da dignidade, são constantes que se desdobram a cada minuto, dia após dia.
Aquele que tomar a iniciativa de tentar corrigir o mundo, com certeza vai sofrer muito mais do que se possa imaginar a minha vã ignorância, pra não dizer filosofia: vão derretê-lo no gelo. Será crucificado, humilhado e extravagantemente condenado.
Mas, como sempre há uma luz no fundo do túnel, o ditado “o impossível é Deus pecar” induz a sociedade a pensar que nem tudo está perdido, que nem tudo haverá de ir para o lixo em definitivo. O que não é bom hoje, amanhã pode melhorar. O jargão torna-se a chama capaz de manter acesa a chama da esperança de um povo desacreditado.
O pecado, via de regra, muitas vezes está embutido no nosso subconsciente e, por conta disso, provoca os maiores absurdos imagináveis e inimagináveis. São olhos e coração caminhando no sentido contrário e paralelamente. Àqueles mais experientes, lavar as mãos torna-se a chave da lamentação dos culpados.
A auto-estima é um sentimento se posiciona conforme o ser humano se realiza, onde a conquista é revelada 100% honesta. O sentido da vida está, a priori, inserido neste capítulo. Contrária a essa idéia, todavia, caminha o constrangimento psicológico, a retórica da carapuça e o alento da benevolência. Tudo água abaixo. Os exemplos são diversos: corrupção, propina, desvios, crime organizado, desigualdades sociais, egocentrismos mercenários, e as indelinquências das instituições que, salvo engano, não se justificam. Creio até que estas são as piores, pois são legalizadas.
Estamos fadados a viver e conviver sob a mira dos desonestos que se perpetuam no sigilo de suas abnegadas inconveniências. Dizem as más línguas que a ocasião faz o ladrão. Essa palavra, aliás, vem ganhando força de uns anos pra cá no cenário brasileiro.
Mas o fato é que, no caso do povo brasileiro, a ocasião é a dos “Vivaldinos, Miguelinos e Espertinos” que conduzem o sistema na direção do ostracismo inperceptível, onde um falso sorriso cobre todos os seus atos de bandidagem. Moral da história: se são da classe política, são reeleitos, senão, são lobistas, laranjas e… “a procissão continua”.
E por falar em procissão, quero senhor, independentemente de qualquer coisa, acreditar que a minha caminhada não esteja contaminada pelo vírus da ingratidão e da falta de vergonha de certas instituições que não sabem a que veio, pra que veio e pra quem trabalham.
Gilson Nunes é jornalista
[email protected]