Os Rarámuri, gentes do México, conhecidos como “los de los pies ligeros”, correm distâncias de mais de 100 km. Não são esportistas de elite; são camponeses.
É dito que na África começou a viagem humana pelo mundo. Darwin e Dart afirmaram isso há muito tempo. Há mais de 3 milhões de anos, gentes eram capazes de trabalhar com pedra e osso, construir cabanas e viver em grupos. Dali elas se lançaram ao planeta. (Andando pelas escolas, uma criança me perguntou se Adão e Eva eram negros)
O rosto de cada um conta a história desse Brasil, estamos vivos e pulsantes rumo ao destino tudo.
Migrantes… sempre além do horizonte, avante ao desconhecido. Como canta a canção: “somos uma espécie em viagem, não temos pertences, mas sim bagagens. Vamos como pólen ao vento, estamos vivos porque estamos em movimento”.
Não tomemos o entroncamento pelo fim da linha, amigo leitor. É bom lembrar, com Aristóteles, que é parte da probabilidade que o improvável aconteça. Ah! O inesperado sempre acontece.
Há de ter interesse – quero o espírito dessa palavra – vem do latim, “estar entre”. Se estou interessado, transcendo meu ego, abro-me pro mundo e salto dentro dele.
Interesse é a atitude relativamente constante que permite que, a qualquer momento, a pessoa compreenda intelectualmente e emocionalmente o mundo exterior. É uma atitude da pessoa viva em tudo o que é vivo e que cresce (Fromm).
Há de ter esperança. Ter esperança significa estar pronto a todo momento para aquilo que ainda não nasceu e todavia não se desesperar se não ocorrer nascimento algum durante nossa existência (Fromm).
Somos mais semente que fruto. E a semente não é só o início, são todas as partes também.
Se for preciso voltaremos milhões de anos, quando as terras todas se juntavam, para que possamos caminhar ao encontro, ao grande encontro… do outro e de nós mesmos.
“Viver – não é? – é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender – a – viver é que é o viver, mesmo.” (Guimarães Rosa)