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Tiro no pé

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Quando era repórter, e cobria os bastidores da política, um jargão muito conhecido nos corredores da Assembléia Legislativa dizia que só se sabe como e quando uma CPI começa, mas nunca quando e como ela termina.

Cobri várias CPI’s na Assembléia, entre elas a CPI das LFTE’s, que ficou mais conhecida como CPI do Narita. De fato, no curso das próprias investigações, muitas vezes muda-se completamente o foco e temas da comissão, réus viram vítimas, vítimas viram réus, e surgem inúmeros outros pontos que não estavam dados quando da instalação da CPI.

A Assembléia de Mato Grosso ficou um tempão sem constituir CPI’s. Uma corrente, que conseguiu a proeza de colocar na mesma posição José Riva e Luiz Soares, convenceu os pares contra o que chamavam de “cepeização do parlamento”. Esta CPI da SEMA, requerida pelo próprio Riva, pelo que se depreende da cobertura da imprensa, está se tornando um tiro no pé dos próprios deputados.

A CPI da Sema foi requerida tendo por objetos definidos (o que é obrigatório, segundo o Regimento Interna da AL), analisar as licenças ambientais dos últimos dez anos; apurar a causa ou causas da morosidade no atendimento; e analisar os Eia-Rima emitidos; entre outros.

Ou seja, o objeto principal da CPI era investigar eventuais irregularidades ou desvios de finalidade na própria Sema, o que tornava a secretaria de Estado, bem como os seus membros, os alvos, os réus.

Não é o que se vê pela leitura dos jornais. Depois do início turbulento, no qual se cogitava inclusive a queda do secretário, as vítimas passaram a ser os próprios deputados.

As acusações tomaram um efeito bumerangue, e se voltaram contra as cabeças dos inquisidores. E nem os esforços – inéditos, diga-se de passagem -, da Assembléia em dar visibilidade à CPI, com anúncios nos jornais e VT’s falando da importância da comissão, serviram para aplacar o envolvimento dos próprios parlamentares. Ao contrário, potencializaram o desgaste individual daqueles acusados de traficarem influência nas decisões da SEMA, e também coletivamente, afinal, na medida que um deputado é acusado, todos os demais tendem a cair na suspeição perante a opinião pública.

O fato é que, daqui de fora, a impressão que se tem, apesar das movimentações intensas da CPI desde o dia 10 de julho, quando foi aprovada pelo plenário, é que os deputados perderam o controle da situação e não sabem como sair da saia justa em que se envolveram. Prevalece o velho jargão dos meus tempos de repórter: nunca se sabe como nem quando uma CPI termina.

Kleber Lima é jornalista pós-graduado em marketing e consultor político [email protected]

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