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Tá ruim, mas pode piorar

Claiton Cavalcante - Membro do Instituto dos Contadores do Brasil - ICBR
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Tivemos um final de semana – aliás, início, porque a semana começa no domingo – repleto com finais de torneios de futebol mundo a fora, de Eurocopa, vencida pela Espanha, a Copa América, o torneio de futebol mais antigo do mundo, vencida pela seleção alviceleste.

E nós torcedores canarinho, amantes do futebol, imagino que no âmago da alma resta um quezinho de inveja ao testemunhar nossos vizinhos hermanos levantar novamente o caneco de campeão, neste caso campeã.

Invídia a parte, fato é que temos ouvido em demasia que a seleção brasileira está vivendo sua pior fase no futebol. Concordo parcialmente. Na próxima Copa do Mundo de 2026, completará 24 anos que não ergue o troféu. Coincidência, ou não, será o mesmo período desde 1970 até a conquista do tetra ocorrido na terra do Tio Sam em 1994.

O motivo para concordar de maneira parcial gira em torno do fato de que diferente de antigamente, hoje a explosão midiática é milhões de vezes maior que outrora. No século passado a seleção também passou por perrengues catastróficos.

Em 1934, levou sonoros oito gols da Iugoslávia, antes, em 1920, perdeu de meia dúzia para o Uruguai, mais adiante, em 1940, foi a vez da Argentina depositar, em duas oportunidades, onze bolas nas redes brasileira.

Como visto, o vexame do 7 x 1 dez anos atrás não foi novidade. Ocorre que naquela época, no século passado, não tínhamos internet e redes sociais, consequentemente a notícia demorava a chegar e não éramos tão influenciados como hoje.

Fora isso, é a mais pura verdade que o futebol jogado pelos jogadores da nossa seleção tem deixado a desejar e assim, não há outra opção a não ser em concordar que a fase para ficar ruim, tem ainda que melhorar muito.

O magro futebol apresentado na seleção nem de longe parece ser aquele empolgante que os mesmos atletas demonstram em seus clubes. Mas porque isso acontece? A resposta é: precocidade.

O exemplo recente é do atleta Hendrick que com apenas 16 anos de idade e seduzido pelos euros assinou pré-contrato, apenas aguardando completar a maioridade para juntar as malas e ir jogar na Espanha.

É trivial que hoje os clubes do Brasil não têm cacife econômico pra manter nos seus gramados as dezenas de jovens craques que são descobertos diariamente. Como consequência, esses jogadores não criam raízes, não criam vínculos reais e emocionais com o futebol brasileiro.

Tudo isso por um motivo simples, qual seja, além da ida precoce, a convivência competitiva desde muito cedo com atletas de outras nações e como são poucas as vezes que se reúnem pela seleção brasileira, acabam “jogando por jogar” e sem colocar o coração no bico da chuteira.

Vamos a cronologia da decadência. Ou seria a valorização dos jogadores que aqui permaneceram? Não importa. Mas para os fanáticos por números eis as constatações:

Os títulos.

Na Copa de 70, foram convocados 22 jogadores, todos eles jogavam em times do Brasil. Resultado? Brasil tricampeão. Vinte e quatro anos depois, em 1994, outros 22 jogadores convocados, sendo 11 deles, ou seja 50%, atuando em times brasileiros. Resultado? Brasil tetracampeão. Em 2002, o Felipão convocou 23 jogadores, 13 desses, ou seja 56,41%, jogavam no Brasil. Resultado? Brasil pentacampeão.

A “pior” fase.

Na Copa de 2006, dos 23 convocados, 6 deles atuavam no Brasil. Em 2010, outros 23 convocados, com apenas 3, que representava 13%, que jogavam em times brasileiros. Em 2014, foram 23 convocados, com apenas 4 atuando no Brasil que acabaram assistindo o famoso 7 x 1. Em 2018, novamente 23 convocados, com 3 atletas jogando por times tupiniquim.

E finalmente, na Copa de 2022, aumentou a quantidade de convocados passando para 26, com somente 3, ou seja 11,5%, de atletas atuando em times do Brasil. Resultado? Brasil penta-eliminado.

Esses números nos remete a definição de grandezas diretamente proporcionais, pois à medida que diminui a quantidade de jogadores convocados que atuaram no Brasil, também não houve a conquista de títulos.

Com esse retrospecto até o mais dos otimistas tente a sentar no banco dos descrentes, dado que, salvo, raríssimas exceções a nossa safra de jovens jogadores ainda não inspiram confiança, pois os atletas da seleção sub-20 sequer conseguiram vaga para os Jogos Olímpicos de Paris 2024.

Não é nada confortável testemunhar a atual decadência do time canarinho. Basta lembrar que a história das Copas se confunde com a do Brasil, única seleção presente em todas as edições do torneio, por enquanto.

Portanto, como implorar é pouco, então a voz rouca dos torcedores suplica para que os cartolas, técnicos, empresários, patrocinadores que ditam regras e convocações e por fim os atletas não deixe a “pior” fase da seleção transformar-se no “novo” normal.

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