A filiação a um novo partido do governador Blairo Maggi e parte do seu grupo (um grande líder como governador não precisaria ter partido, pois sua liderança se espalha por várias legendas), bem como a divulgação de pesquisas de intenção de voto nas últimas semanas, fizeram precipitar um debate que é, de fato, precipitado, e perigoso, acerca da sucessão do prefeito Wilson Santos, no ano que vem, em Cuiabá.
Claro que o tempo da política se faz por fatores objetivos, como o calendário imposto pela legislação eleitoral, mas sofre uma influência muito forte dos chamados fatores subjetivos, que residem mais no campo da vontade, do desejo, e da capacidade de articulação.
Iniciamos 2007 com pelo menos 11 candidatos virtuais ao Palácio Alencastro (Mauro Mendes, Walter Rabelo, Sérgio Ricardo, Wilson Santos, Carlos Brito, Carlos Abicalil, Eder Moraes, Roberto França, Iraci França, Serys Marli, Thelma de Oliveira – ordem aleatória) entre outros que me faltam à memória.
A precipitação do debate já provocou prejuízos a pelo menos dois deles: Eder Moraes, que se envolveu numa luta inglória com gente muito mais forte que ele no momento, e foi convidado a desistir; e Mauro Mendes, que por razões ainda não muito esclarecidas, teria desistido de concorrer.
Sobram, em tese, nove postulantes. Se a precipitação prevalecer, antes de junho, um ano antes da data-limite para as convenções, outros ainda serão pegos no contrapé, e não terão outra alternativa senão abortar aquilo que mal começaram.
A não precipitação, aparentemente, interessa mais ao prefeito Wilson Santos, uma vez que se o debate eleitoral começar desde já, ele verá sua base de apoio, já frágil e inconsistente, virar pó de vez.
De fato, a primeira vítima dessa antecipação do debate é o prefeito. Não é à toa que ele mesmo já anunciou de público que não é hora de discutir eleição, que está muito cedo, blá-blá-blá.
Mas, como já dito, qualquer um dos demais nomes corre o mesmo risco. Afinal, como diz o adágio popular, o mesmo risco que corre o pau, corre o machado.
Para os líderes nas pesquisas (que ainda não podem ser tratadas, rigorosamente, como “intenção de voto”, pela distância que nos separa da eleição, mas apenas como indicadores circunstanciais), há o risco de se agarrarem a números muito favoráveis agora, quando não há de fato uma mobilização do eleitor e da opinião pública para o tema, e, depois, quando começar o jogo de verdade, despencarem nas curvas, caindo no mar da desacreditação, igual cavalo paraguaio.
Para os que estão muito atrás, o risco é não serem levados a sério, e acabarem radicalizando posições e ficando isolados. Os mais confortáveis são os que estão em posição intermediária. Mas, desde que se comportem como candidatos intermediários: que possuem boa lembrança e boa imagem, mas que ainda não têm muitos alicerces para erguerem seus projetos.
A atitude mais sensata e inteligente para os desejosos de entrar no jogo da sucessão municipal do ano que vem, em Cuiabá ou em qualquer outra cidade, é a discrição, jogando toda sua energia na articulação silenciosa de uma base de apoio, na projeção positiva de seu nome, e na sua preparação pessoal, tanto intelectual, política e financeira, quanto emocional. Trocando em miúdos, é hora de subir no toco e ficar atento, para, se o cavalo passar encilhado, montar no baita e cavalgar até a vitória. No máximo, criar um corredor forçando o cavalo a passar ao lado do seu toco.
Kleber Lima é jornalista pós-graduado em marketing e consultor de comunicação e marketing político. E-mail: [email protected].