Fala-se que o grande escritor Machado de Assis, o maior ícone da literatura brasileira, tinha pavor de enloquecer. Daí, vários de seus contos e romances- como Memória Póstuma de Brás Cubas, o Enfermeiro, e o grande clássico “O Alienista”, tinham como tema central a loucura. A loucura ou as manifestações comportamentais de alienação mental dariam um romance. O Senador Renan Calheiros acaba de nos brindar com mais uma contribuição: o processo aberto contra ele na Comissão de ética do Senado, é “esquizofrênico.”Fecham-se alguns loucos dentro de uma casa para dar a entender que os que ficaram de fora são ajuizados”, escreveu .Montesquieu (1689-1755)m filosofo frances . O nosso “O rei do gado”- ou seja, o Senador Renan que o diga: prende-se meia dúzia de senadores numa “Comissão de Ética”, e todos nós pensamos que eles estão com o propósito de realmente apurar os fatos e chegar à verdade. A medicina nos ensina que,” a esquizofrenia engloba várias formas clínicas de psicopatia e distúrbios mentais; sua característica fundamental é a dissociação e a assintonia das funções psíquicas, disto decorrendo fragmentação da personalidade e perda de contato com a realidade”. (Dicionário Médico).
Como afirma um cientista político e advogado, “”Esquizofrênico é lobista mineiro de empreiteira pagar contas particulares de senador alagoano, também Presidente do Congresso. Esquizofrenia é apresentação de documentos inconsistentes em processo instaurado no Conselho de Ética do Senado. Esquizofrênico é o sangramento público do Senado Federal, e de todos os Senadores, como se neste país não houvesse uma oposição que deveria fiscalizar os atos dos Poderes Executivo e do Legislativo. Enfim, esquizofrênico é ter que relaxar e gozar”. E, para aumentar “ o samba do criolo doido da esquizofrenia nacional”, surge a “conversa “prá boi dormir” de que, o Conselho de Ética não poderia investigar Renan, porque como o senador tem foro privilegiado, a competência seria do STF. Ora, que essa mamata do tal “foro privilegiado”- que só existe no Brasil, tem servido para todo tipo de falcatrua, não é desconhecido de mingúem- o Brasil está repleto de exemplo de “intocáveis”- mensalão, curupira, anaconda, sangue-suga, ambulâncias, dólar na cueca, etc…. O que o Congresso quer que o povo engula , sem discutir, é que o Senador. Renan cometeu um “deslize” sexual e moral, num país de casa grande e senzala, onde o papel da mulher deve continuar sendo de “cama” e “mesa”; mas, na sua posição e status de terceiro na linha sucessória do país, o Senador – com cara de frade capuchinho, está acima de qualquer suspeita. A ordem está dada: arquivar o processo. Como fazer? Esse, é o triste espetáculo que estamos assistindo “on line”, dos ilustres representantes dos Estados- pois o Senador não representa o povo, numa encenação digna dos melhores filmes mexicanos. Ou nós, o povo, estamos todos “esquizofrênicos” e o Brasil se transformou num grande “Adauto Botelho” ou, a “Comissão de Ética do Senado” está trabalhando com a suposição de que nós continuamos na postura de total idiotice.
Creio que a segunda hipótese é a mais correta; Marta Suplicy- que agora viaja de jatinho da FAB- pois, “está com medo da reação do povo” à sua melhor proposta desde que assumiu o Ministério do Turismo, me leva a essa convicção. No conto de Machado de Assis- o Alienista, no final, o médico- o verdadeiro louco- solta todos os “loucos” da Casa Verde, e lá se interna até a morte. Que o Senador Renan e a Comissão de Ética, pensem nesse desfecho. Ou, então que se interne o Brasil nesse hospício geral.
Auremácio Carvalho é sociólogo e advogado em Mato Grosso