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Sobre outros carnavais

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Volto hoje à minha janela que por tanto tempo permaneceu fechada como se lá dentro aguardasse por um tempo de preparação e de desejo; o mundo aquém das paredes amarelas também tem sonhos e vive de sonhos, do lado de fora ficava o mundo grande e lá dentro a alma ansiava por liberdade, por sonhar, por perscrutar os caminhos, alçar vôos rumo ao desconhecido.

É da janela que se abrem os horizontes infindos, urge, portanto, abrir a janela da alma para analisar os fatos da vida, do cotidiano, daquilo que muitas vezes determinam nossas vertentes e nem sempre percebemos.
Invadido por esses pensamentos e aproveitando o período de carnaval, comento hoje sobre as origens de nosso carnaval, já que muitos de nós desconhecemos a sua origem e pensamos que se trata de uma criação brasileira.
Nada é tão falso quanto à idéia de que o carnaval é tipicamente e genuinamente brasileiro. Aliás, nada de novo no front. Sua origem remonta ao antigo Egito e Suméria e está ligada aos festejos pagãos para comemorar a abundância de suas colheitas, em homenagem a deusa Isis, há mais de seis mil anos antes de Cristo.

Na Roma antiga era festejada nas ruas, cujo povo adorava o deus do vinho Baco e o deus Pã e dançava e gritava contagiando quem passava nas ruas; na Grécia dava-se o nome de Saturnálias, em homenagem ao deus Saturno, onde era celebrado o retorno a primavera que simbolizava o renascer da natureza, a liberdade e a igualdade entre os homens, caráter que se mantém vivo até hoje com relação ao carnaval: a liberdade, e que de tempos para cá também se transformou em libertinagem durante os festejos carnavalescos.
Na Idade Média surge a palavra carnaval que literalmente deriva do latim: carrum navalis, cujos carros parecidos com navios faziam a abertura das festas saturnálias na antiguidade, ou seja, mais ou menos seis séculos antes de Cristo, em adoração ao citados deuses.
A civilização judaico-cristã fundamentada na abstinência, na culpa, no castigo, no pecado, na penitência e na redenção da alma condena e renega o carnaval, não o aceitando por ser de caráter pecaminoso, até aqui se trata de uma festa eminentemente pagã, reprimida e repudiada pela Igreja.
Como não era mais possível proibir o carnaval, em 590 d.C, a Igreja Católica através do papa Gregório I, adota a festa transferindo o início da quaresma para quarta-feira, antes do sexto domingo, denominado de “quinquagessimo”, deu-se o nome de dominica ad carne levandas , expressão que seria abreviada para carne levandas e que significa: levar a carne, retirar a carne, carne vai e posteriormente carnaval e refere-se ao período que vai desde a Epifania-6 de janeiro, até a quarta-feira de cinzas, que antecede à proibição religiosa de consumo de carne durante os quarenta dias da quaresma. Daí o caráter da festa de regozijo, da despedida da carne, carne vai, onde quase todas as formas de comportamento ficou permitido.

Com o advento do Concílio de Trento em 1545, o carnaval finalmente é reconhecido como uma manifestação popular de rua.
O Carnaval brasileiro surge em 1723, com a chegada de portugueses das Ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde. O primeiro registro de baile é de 1840. Em 1855 surgiram os primeiros grandes clubes carnavalescos, precursores das atuais escolas de samba. A partir de então, outras foram surgindo até chegarmos à grande festa que alegram o povo brasileiro de norte a sul.
Bom carnaval.

César Santos é servidor público federal, geógrafo e advogado, formado pela UFMT.

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