Não faz muito tempo que a preocupação dos pais era o quanto uma criança ficava na frente da TV. Hoje o acesso irrestrito à internet nos faz pensar se, ao colocar um smartphone na mão de uma criança, ela conseguirá se comunicar e estará segura.
O ritmo da vida moderna impôs um timing cruel às gerações de famílias que tentam criar seus filhos utilizando a tecnologia como ferramenta de monitoramento mais do que de comunicação.
O tempo livre, que antes era dedicado a passeios no parque, troca de experiências e àquela observação cautelosa dos pais para ver se estávamos fazendo algo errado foi substituído por uma tela azul brilhante.
Especialistas no tema alertam sobre os riscos do uso desses aparelhos por bebês e crianças cada vez mais jovens. Mas, afinal, qual a idade certa para uma criança ter um smartphone?
A sociedade canadense de pediatria aconselha que menores de 12 anos não possuam aparelhos com acesso a internet, e recomenda que a exposição à internet não passe de 3 horas diárias.
O assunto é pra lá de polêmico, já que, à medida que as crianças começam a ter em suas mãos um celular com idades que variam de 5 e 10 anos, defendem o uso deliberado do aparelho em busca de respaldo.
E antes que você me diga que seu filho é maduro o suficiente para ter um smartphone aos 10 anos, é bom lembrar que o córtex pré-frontal, parte do cérebro que controla o impulso, só está totalmente desenvolvido aos 20 anos.
Lógico que não estamos falando de criar um E.T. que não possa usar a internet porque seus pais o proíbem, e sim o texto pretende uma reflexão. Será que seu filho está seguro?
Se falarmos de saúde, a exposição massiva às telas brilhantes pode causar atraso no desenvolvimento da criança, alterações no sono, déficit de atenção, e até vício infantil.
Outro fator a se preocupar é a comunicação, pois, mesmo que seus filhos sejam hiperconectados, muitos sequer sabem ter uma conversa cara a cara. Há necessidade de interagir mais com pessoas do que com a tecnologia, e, se isso começa desde cedo, podemos ter adultos emocionalmente despreparados para uma comunicação em ambiente que não seja digitalizado.
A constante exposição das crianças à tecnologia móvel as torna vulneráveis, sujeitas a serem expostas a abusos. E, antes que você me diga que seu filho é uma criança independente para a sua idade, lembre-se estamos aptos a dirigir somente aos 16 anos, e não quando desejamos ter acesso à chave do carro.
Sem dúvidas a tecnologia traz benefícios às crianças, que têm acesso à informação em tempo real, aplicativos, jogos e conexão com os amigos. Mas também são responsáveis por expor nossos pequenos a problemas que eles ainda não têm discernimento para compreender.
Ao dar um smartphone para uma criança, lembre-se de que a idade não é tão importante quanto a responsabilidade dela sobre o uso do aparelho. Use o bom senso.
Maria Augusta Ribeiro – profissional da informação, especialista em Netnografia,