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Situação lastimável 1

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Há  quase 150 anos Rui Barbosa, em célebre discurso no Senado, deplorava o estado do país, durante os últimos anos do Império,  que estava sendo destruido pela corrupção, dizendo que tamanha era a corrupção nos altos escalões governamentais, no meio empresarial e na sociedade em geral, que as pessoas de bem estavam ficando envergonhadas de serem honestas e a rirem da honra, valores considerados então e ainda hoje como princípios fundamentais para a  gestão da coisa pública e da vida empresarial.

De lá pra cá, caiu o império, foi abolida, apenas formalmente, a escravidão, foi proclamada a República, que por muitas décadas foi alimentada pelo voto de cabresto e a corrupção nos sistemas politico, partidário e eleitoral; o Brasil experimentou uma grande recessão e quebradeira no início dos anos trinta do século passado , revoluções foram feitas, a ditadura do estado novo deixou suas marcas tanto no Sistema politico quando no desrespeito aos direitos humanos, tortura era uma prática para silenciar opositores, apesar de que ainda hoje muita gente, inclusive Lula e dois partidos PTB e PDT cultuam a memória de Vargas, o ditador da época.
Com o fim da segunda Guerra, também a ditadura de Vargas foi por água abaixo e um novo regozijo tomou conta da sociedade com a re-democratização, que acabou possibilitando a volta do ex-ditador nos braços do povo com votação popular.  Mas as práticas de corrupção herdadas do estado novo marcariam novamente o período “democrático” da era Vargas e o mesmo, em meio a muitos escândalos,  muito menores do que na  atual fase dos Governos Lula/Dilma/PT e seus aliados, acabou não aguentando e imaginou que seu suicídio poderia devolver a paz e a ética a um governo de transição.

Após  esta transição  veio o governo JK, que construiu Brasiília e mudou a capital, mas tudo a um custo muito elevado, super faturado, tanto econômico, financeiro quanto de muita corrupção. Ou seja, Brasiília nasceu sob o signo da bonança e da corrupção de empreiteiras, dos politicos  e dos grileiros de terras públicas. Talvez  seja esta maldição que ainda hoje esteja presente na vida política, partidária, eleitoral e empresarial brasileira. Brasília sem dúvida é a capital da corrupção e das bandalheiras que denigrem a imagem do Brasil.
A corrupção no governo Jk era tanta que possibilitou a Jânio Quadros, matogrossense de Campo Grande, que fez carreira como o “homem da vassoura” no governo de SP assumisse o poder nacional e sua eleição foi a esperanç a   do povo em imaginar que o maior mal daquela época e ainda de hoje, a corrupção, viesse a ser banida e os corruptos iriam para a cadeia.

Ledo engano, pressionado por um Congresso que lhe era desfavorável, repleto de antigos e novos corruptos, o Parlamento bloqueava todas as  medidas que Jânio tentava impor para sanear o país econômica, financeira, política e moralmente. Com apenas  sete meses, não   aguentando as pressões de grupos de interesses aliados com os corruptos da época, Jânio acabou renunciando, levando o país a beira da Guerra civil.

Naquela época  Presidente e Vice eram eleito separadamente, ou seja, o povo  votava para presidente e também votava para vice presidente  e, por obra do destino, o povo acabou fazendo uma escolha exdrúxula, elegeu Jânio Quadros, da UDN, com toda a sua retórica e ênfase no combate `a corrupção e João Goulart, o vice da chapa  do PTB/PSD, que representava a herança getulista e de JK. Desnecessário dizer que era um governo que dificilmente teria unidade e rumo. O vice tinha um discurso e uma prática populista, demagógica enquanto o presidente tinha um passado de austeiridade e de limpeza ética na política.

Diversos setores, inclusive militares, tentaram impedir a posse do vice, gerando um clima de muita tensão e mobilização popular e militar, com, inclusive a presença de tropas nas ruas e tudo o que a história registra.
João Goulart, com a ajuda de seu cunhado, Leonel Brizola, então Governador do Rio Grande do sul e miliares a eles aliados,  acabou tomando posse mediante  uma solução de compromisso que era a imposição de  um parlamentarismo fajuto e de emergência, como alguns políticos oportunistas ainda hoje imaginam como solução para a atual crise, que acabou não dando certo, pois o Presidente  simplesmente nomeava alguns  primeiro ministros e ao mesmo tempo os boicotava, os desmoralizava e na surdina planejava  um plebiscito, que acabou com o parlamentarismo e devolveu  todos os poderes ao presidente, através da volta do presidencialismo.
João Goulart continou sofrendo pressões dentro e fora do governo , ficou muito acuado  e aos poucos se tornou um fantoche nas mãos de  um movimento sindical marcado pelo aparelhamento público e pelo peleguismo e organizações populares financiadas com dinheiro público, quadro muito semelhante ao que ocorre atualmente com a Presidente Dilma.
Este artigo continua proximanete.

Juacy da Silva  – professor  universitário,  titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e coladorador de jornais, sites, blogs
[email protected]
Twitter@profjuacy
www.professorjuacy.blogspot.com

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