Como é bom falar bem da nossa terra e da nossa gente! Temos menos de trinta anos de emancipação, cento e vinte mil habitantes e uma história de vitórias do nosso povo; cada qual ao seu tempo. Não existem vitórias sem dificuldades, e sem obstáculos, pois aqueles que buscam o sucesso acabam entrando em rota de colisão com algo ou alguém, pois tem gente que sofre com o sucesso alheio. Já somos pólo de serviços, de negócios, de informações, de formação; moramos em uma cidade importante para o Estado de Mato Grosso e para o Brasil. Alguns entendem que por estarmos na Amazônia se torna um problema; pode até ser que, neste momento em que a incompetência das autoridades e a irresponsabilidade de uma minoria nos colocam em manchetes negativas, comprometendo os empresários sérios, os funcionários públicos sérios, e principalmente, indiretamente, a maioria da população que não tem nada com isso, pois lá no sudeste do país quando falam de uma cidade, falam de todos que moram nela. Mas o futuro mostrará o quanto será valorizado este lugar àqueles que ficarem e enfrentarem os obstáculos, pacificamente, sem deixar de impor o respeito que merecemos, em nosso nome, e em nome daqueles que morreram sonhando com o sucesso deste lugar, pois estar na Amazônia é um privilégio.
O mundo que hoje nos pressiona para sair daqui a qualquer custo, mas de forma sorrateira, silenciosa, não quer apenas que paremos com a atividade do setor florestal; acho eu que o que eles querem é assumir este setor num futuro muito próximo, pois são eles os maiores exploradores da nossa biodiversidade. A maioria do povo desta região quer ver a nossa floresta preservada dentro da Lei Brasileira, o que não queremos é sermos tratado como o filho que foi abandonado recém nascido pelo pai e depois de quinze anos retorna exigindo que siga a sua regra. Certa vez ouvi que no Brasil acredita-se mais no que “ouve” do que no que “houve”; a cada novo assunto, esquecem do assunto anteriormente debatido, enquanto isso, estamos esperamos o início da tão sonhada pavimentação da Br 163 até Santarém, que vai tornar nossa região ainda mais próspera e mais próxima da exportação de nossos produtos ecologicamente corretos.
Sinop e essa região são fantásticas! Em 1974, se abre uma clareira no meio da Mata Amazônica, trazendo inúmeros brasileiros com a determinação do Governo Federal de ocupar para não entregar a Amazônia. Desde então, lutamos pela estrada, pela energia, pela saúde, por escolas e faculdades, avançamos tanto que estamos prestes a estarmos entre um seleto grupo de cidades com aeroporto estruturado para vôo noturno.
Vencemos todas as dificuldades, mas nas batalhas mais recentes, o Governo, para comprovar sua ineficiência na área ambiental deflagrou a operação curupira em maio de 2005, no final deu um tiro no pé, pois descobriu que os piores malfeitores do meio ambiente estavam no seu estafe, não conseguindo enquadrar nenhuma empresa com CGC e endereço estabelecido. Já em 2007 foi a operação guilhotina, ambas, serviram muito para promover desemprego (14.000 na região), violência e insegurança psicológica e social da região. Se o que o governo gastou nessas operações tivesse sido aplicado em qualificação profissional, funcionários para os órgãos ambientais, e infra-estrutura para atrair empresas diversificando a economia, teria resolvido o problema, pois sou da opinião que governo não deve ser paternalista, mas também não pode ser carrasco, essa nova operação deveria visitar áreas degradadas ilegalmente, que é o objetivo desta operação, mas cria novamente uma pressão psicológica em toda uma região, formada por pessoas que já sofreram demais por falta de infra-estrutura mínima, necessária para proteger essa terra, superaremos isso também, pois aqui é o nosso habitat, aqui é o nosso lar, uma gente exigente e que vive de superação.
Este ano, de acordo com dados do Ministério do Trabalho tivemos índices de crescimento de carteira assinada acima da média nacional, inclusive as madeireiras embargadas pelo IBAMA, sem dar direito à defesa, todas possuem funcionários registrados dentro da legislação; o nosso índice de mortalidade infantil está bem abaixo da média nacional e estadual; os nossos índices de alfabetização estão acima da média nacional, e olha que fazem de tudo para falir essa região. Quase que zeramos a repetência e a evasão escolar, todas nossas escolas municipais têm laboratório de informática, e aqui nossas crianças recebem duas refeições por período. Temos asilos, orfanato, Apae, assistência social em todas as áreas, capacitação para famílias carentes, programas de habitação. Terra de gente bonita de todos os cantos do Brasil, da Miss Brasil 2000, do goleiro Rogério Ceni, do Joaninha (campeão de freestyle -acrobacia com moto), tem o belo rio teles pires, então peço que compreendam a história dessa terra, pois para gostar, verdadeiramente da Amazônia, tem que gostar do nosso povo também, que aqui está desde o dia em que nos convidaram para formar essas importantes cidades que fazem parte da AMAZÔNIA DO BRASIL.
Nilson Leitão – prefeito de Sinop