Vivo tentando encontrar palavras para conceituar a felicidade. Segundo depois de pensar, pensar, pensar, chego a uma triste conclusão: já comecei errado. Felicidade não se mede pelo dinheiro, pelo status de importância dentro da sociedade, ou pelo conhecimento literário. A tal felicidade tem um “Que” que se aproxima da cultura de cada um. O trabalho, por exemplo, é passivo de dar tranquilidade as pessoas no que tange a sua sobrevivência. Também, patrocina um ar de estabilidade enquanto equilíbrio emocional para desenvolver outras atividades que o instinto instiga. Todavia, nem mesmo esses adereços garantem a felicidade sonhada.
O que é ser, ou se sentir feliz? Continuo pensando errado: ser feliz é uma coisa e, se sentir feliz é outra. Sendo dessa forma, vejamos. Numa pesquisa realizada por mim, de forma aleatória, despretensiosa, conversei sobre o assunto com pessoas de classes sociais bem diferentes. Em um certo grupo, aonde as pessoas eram bem informadas e com bom emprego, a coleta foi descontraída, com respostas, teoricamente lógicas. Todavia, em nenhuma delas obtive uma certeza coerente com a personalidade correspondentes em cada uma. Havia sim, um preciosismo de enaltecer o ego filosófico que a receita para uma felicidade em todos os sentidos. Considerei normal. Afinal, cada um queria sobressair em suas convicções. Numa outra classe de conhecimento inferior, cujo trabalho não é lá grandes coisas, minha observação ficou meio intrigada. Foi perceptível o retrato a aproximação da realidade em que vivemos.
Cada palavra era pensada e o sorriso, quando possível, era tímido. Essas pessoas me passaram que a labuta, o trabalho é uma forma de realização pessoal, aonde Deus os tinham encaminhado para executar aquela função e dela sobreviver, constituir família, educar os filhos, mesmo que em escolas públicas e, nos fins de semana, tomar uma cachacinha, como forma de aperitivo para engolir o pão de cada dia. O importante para elas era manter as contas em dia e honrar os compromissos. Bem, dito de forma pausada, vi a elegância se curvar para onde quer que a felicidade esteja. Descendo um pouco mais a escada, cheguei á classe pobre, quase miserável. Neste prisma, a realidade expressa por si só. Senti mais próxima a felicidade, a partir do momento que tudo o que se tem, por mais simples que seja, tem um valor astronômico. Lembrei-me, inclusive, daquele ditado bíblico de para-choque de caminhão: ”Não tenho tudo que amo, mas amo tudo que tenho”. Incrível, mas dá um nó na goela.
Dentro do corpo humano, os olhos não são fieis a nenhum outro órgão do mesmo. Eles não sabem ou não conseguem mentir. São a expressão fotográfica do caráter e da personalidade, e capaz de enxergar com o coração. Fugi do assunto? Não. Pelo contrário, essa analogia vem de encontro com a verdade, com a necessidade expressa no olhar verdadeiro, puro, sincero, digno, sem disritmias que contrariem a sua hombridade. Nesse sentido a felicidade embrulha a alma de certa forma que tudo aquilo que se possue, é dádiva de Deus, onde a conquista é uma louvação de orgulho. Numa música do Djavan ele engole as palavras de muitos, quando revela: “sabe lá, o que é não ter e ter que ter pra dar, sabe lá?”. Não sei por que, mas vejo um ar de ternura nessa frase por ela sustentar que a superação é a vitamina que alimenta a força, sem se importar com as dificuldades que ela, porventura abraça.
Vamos viver o hoje com a simplicidade e humildade possível. Podemos enxergar o outro se colocando no lugar dele, sem luxurias que o prazer contenta, e sem o medo de ser o que de fato és.