Olho para esta folha de papel em branco, sem uma única linha para afugentar a monotonia que predomina nessa coexistência barata e deveras dissabor. Num breve devaneio, reluto por buscar um ponto de partida, um inicio, onde poderia dissipar essa cadeia de chatices que cerca-me. Daí, passo a ponderar sobre os aspectos gerais do meu cotidiano, das coisas que são habitualmente executadas, das coisas cuja a execução são premeditadamente elaboradas, desde o horário de levantar, até o momento ímpar de deitar-me novamente.
Vejo então, que se nosso futuro decorresse das premeditações, daquele ínfimo detalhe para optarmos corretamente entre esquerda ou direita, passaríamos então, da apreensão, para a escolha consciente e oportuna. Muitos me perguntariam, o porque, e conscientemente, certamente responderia, “;bem, caso nos valêssemos desse talento, evitaríamos os transtornos ocasionados pelas decepções dos resultados de nossas escolhas, mas…”
Desde a infância sou fascinado por leitura e, por ela, sempre tive a impressão de poder libertar-me do tão fatídico e real mundo em que vivo. Por intermédio da leitura, passei a dividir meus anseios com o abstrato mundo, o mundo surreal, onde todos os mistérios são desvendados, onde a vida é mais simples e as escolhas supera nossas expectativas estrondosamente e, nesse mesmo lugar, a queda, não expressa necessariamente o fim, mas sim, o eterno recomeço. As coisas no mundo real, são destinadas a manterem-se no rumo em que são concebidas, pois, tudo transcorre rotineiramente, nascemos, crescemos, procriamos e morremos, seguindo o que chamamos de ciclo da vida. No nosso dia-dia, a sistemática é a mesma, tudo têm um inicio, meio e fim, porém, o que seria de nós sem os sonhos? Qual seria nossa sorte, sem as expectativas? Não seria dissabor, ter ciência do resultado de nossa empreitada? Tenho certeza plena, que nesse campo, as opiniões são avessas…. Somos motivados pelo sabor acre da incerteza, da insegurança, da ansiedade e conseqüentemente do medo. É uma mistura incessante de sentimentos, a velha pluralidade sentimentalista que infesta os seres humanos, levando-os ao ápice das sensações.
Conseqüentemente, essas sensações e visões do mundo real, tornar-se-ão brandas, pois, há alguns dias, estaremos diante do acontecimento que manterá a atenção e aumentará exponencialmente o ânimo dos brasileiros. Esse acontecimento pungente, nada mais, nada menos esperado por milhões de pessoas, chama-se copa do mundo, onde, vejo que não apenas em caráter de entretenimento, deverá ser bem sucedido, pois, estamos diante da paixão nacional, do objeto de pura idolatria, algo que para alguns, vale mais do que a própria vida. Então, nesse período, com a atenção voltada para o evento global, esqueceremos nossos problemas, estaremos indistintamente isolados dos acontecimentos que eclodirão na sociedade, movimentos estes, que culminará em tramóias, empreitadas, cafajestices, acertos e etc. Porém, desvencilharemos a pujança da agonia para então saborearmos os prazeres do momento, esqueceremos nossas dificuldades e alardearemos nossos fervores, em prol de algo maior e adiante. Futebol, quão adorado sois!
Isaac Bertolini é músico em Sinop