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Semelhança ao pré 1964

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O dia de Rondon, 5 de maio, em 2016 guarda um momento daqueles em que a nação brasileira vivenciou a euforia de ver cumprida a vontade de muitos, ao ser afastado pelo Supremo Tribunal Federal, um entre tantos políticos apontados como corruptos no país. A decisão inédita foi por unanimidade.

Em meio ao conturbado cenário político atual, entre Impeachment da Presidente Dilma, afastamento do Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e inelegibilidade do Vice Michel Temer, por decisão da justiça eleitoral de São Paulo, o país vivencia ainda uma preocupante estagnação econômica.

É como em um jogo de Copa do Mundo. Os espectadores já manifestaram suas torcidas e esperam a definição da partida. Resta depois voltar ao dia a dia em busca de emprego e sustento. Ao retornar à realidade, independente de quem ganhe ou perca a disputa, o brasileiro terá que lidar com o drama de 10 milhões de desempregados e a assustadora volta da inflação. A federal queda-de-braço entre os poderes se tornará, então, história.

Mas a vontade do povo não passa somente pela substituição de seus Comandantes e sim pela ação de todos em prol do crescimento do País, da Nação e da superação deste cruel retrocesso ao qual fomos submetidos.

O atual cenário político é vergonhoso. Só não ficamos mais tristes por acreditar ser este o caminho para a busca de momentos melhores. Uma grave falha de comportamento na maioria dos integrantes de nossa classe política deixou a corrupção encruada ao ponto de ter se tornado natural o trato particular com a coisa pública, o popular “tudo junto e misturado” dos interesses individuais e coletivos. É nítida a forte tendência de interpretações diversas do mesmo texto da lei, ao gosto do freguês.

Não que um sentimento de justiça não tenha sido satisfeito com a atitude do Supremo ao afastar Cunha. No entanto, por estarmos vivendo a flexão de muitas matérias novas que envolvem os três poderes e a existência de vários freios e contra pesos sendo aplicados, acreditamos que interferências entre os poderes devam ser aplicadas com muita cautela, sob pena de se ferir a Constituição Federal.

Foi uma exceção, mas qual será a onda de impacto desta decisão? Afinal, é vontade de muitos brasileiros ver o afastamento de inúmeros políticos das funções parlamentares, pelos mesmos motivos e suspeitas que levaram ao afastamento de Cunha.

Esta decisão traz a sensação de restabelecer a ética e a moral na política do Brasil, mas de fato causa mais instabilidade, ao se socorrer de interferência entre os poderes, declaradamente como exceção à regra, que denota a fragilidade do legislativo para se desvencilhar das próprias amarras e se regenerar.

Prezando pela democracia, tal momento a meu ver se assemelha ao período pré 1964. A sociedade à época acreditava possuir instituições fortes. De repente, o que se viu foram exageros e meios inadequados, diversos dos fins a que se declaravam, transformando o problema da legalidade em problema de segurança nacional.

Imagina se o Presidente interino da Câmara, deputado Maranhão, consegue anular o Impeachment da Presidente. Vamos ver onde tudo isso vai parar.

Marcos Gattass é Advogado, presidente da Associação dos Oficiais da Reserva do Exército Brasileiro em Mato Grosso, Especialista em Inteligência Competitiva e Desenvolvimento Regional pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra
marcosgattass.adv.br

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