Tenho à vista a opinião manifestada, na data de ontem, pelo leitor PEDRO MENDES, ilustre advogado nesta cidade, sobre a passagem de Serys, minha mãe, por aí. Não sei o que ela falou (ou deixou de falar!), sobre o assunto, tampouco quero aqui advogar-lhe a defesa; mas tenho certeza que não teve o caráter ofensivo que o ilustre missivista reporta. Digo isso porque a conheço suficientemente para saber que seu caráter não admite tal tipo de tergiversação, sobretudo depois de tudo que a vitimou no ano passado, enfim. Por já ter tido a grata oportunidade de ir várias vezes a esta importante cidade – onde impressionou-me sobremaneira o plano urbanístico, de estética arrojada, seu povo cativante, o progresso exalando no ar, e grandes amigos, companheiros da advocacia de luta – e depois de ler e reler o que sobre ela se escreveu, meditei sobre estas linhas e decidi-me aventar sobre elas algumas breves considerações.
O combate que a POLÍCIA FEDERAL REPUBLICANA do GOVERNO DO PRESIDENTE LULA está empreendendo, é algo pioneiro na História deste País. São números objetivos que dispensam diletantismos.
Naturalmente que tal combate sem tréguas, como nunca dantes vivido, guarda uma margem de tolerância (que, particularmente, vejo como aceitável), podendo incorrer em alguns equívocos inerentes à própria “nova postura” de políticas públicas que, deixando de empurrar pra baixo do tapete, opta por expor os valhacoutos de onde vicejam, no pântano da imundice, os mais escusos interesses.
Pode ser que de tais equívocos, estraçalhem-se reputações. De todo modo, acredito que o ‘sistema’ conseguirá encontrar um mecanismo de ‘pesos-e-contra-pesos’.
Agora, de maneira alguma, penso que seja o caso de prejudicar, mais ainda a população, fazendo-se devolver o dinheiro público das obras. Suspenda-se (como parece que judicialmente já é o caso) o processo licitatório e a consumação de contratações suspeitas, mas que não se prive a coletividade, ainda mais, da ausência do Poder Público no seu cotidiano. Apure-se o que for preciso, com profundidade. Processe-se. Puna-se, se culpados forem; mas não lasquem (ainda mais), a fina tessitura que represa uma imediata demanda de saúde pública.
Não sei se o ilustre missivista teve oportunidade de manusear os autos do processo administrativo (o único que existiu contra Serys, já que ao contrário dos demais 84 outros parlamentares envolvidos na Operação Sanguessuga, inclusive dois senadores, respondem por inquéritos perante o Supremo Tribunal Federal; o que não é o caso de dela, que sequer teve o pedido de abertura formulado pelo Ministério Público Federal), por isso, reservo-me em não comentar.
Entendo, perfeitamente, que depois de tantas desilusões, a nossa imaginação e as nossas aspirações perdem o seu vigor, e cessam, quando penetramos numa vida cujas vicissitudes demonstram o absurdo dos nossos cálculos. Mas um dia virá, e talvez este dia esteja próximo, em que vamos conseguir nos desligar desse mundo de visionários, para fazer parte do grêmio daqueles que, mais chegados às realidades da vida, consideram este mundo como ele é.
Fraternais saudações,
Alexandre Slhessarenko – São Paulo-SP