O PMDB parece fadado a estar no centro das atenções políticas no Brasil desde que se tornou, no segundo mandato do presidente Lula, o principal partido da coalizão governista, e sucessivamente, o maior partido do Brasil de acordo com as eleições municipais do ano passado.
A famosa entrevista do senador Jarbas Vasconcelos logo depois da conquista pelo PMDB das presidências das duas casas do Congresso é uma história ainda não totalmente contada e longe de se desfecho.
Ao que parece, faz parte apenas dos movimentos iniciais do xadrez eleitoral de 2010. Declaradamente oposição ao presidente Lula, e com uma biografia quase irretocável durante mais de 40 anos de militância política, Jarbas Vasconcelos fez apenas um movimento simples, porém coordenado com PSDB e DEM, objetivando minar a força eleitoral do governo federal para 2010.
Que há corrupção no Brasil, isso não é nenhuma novidade. Que há corrupção nos partidos, idem. Embora não se possa negar que mexer nas próprias feridas tenha algo de positivo pelo aspecto autocrítico, a virtuose se dissipa quando se revelam os interesses por trás da jogada, e quando se percebe que, no fundo, Jarbas não disse absolutamente nada de novo, tampouco comprovável.
Sua biografia é quase irretocável por dois motivos simples: Jarbas Vasconcelos, embora tenha sido um baluarte da campanha das Diretas, se recusou a votar no Colégio Eleitoral em Tancredo Neves, fato mal explicado até hoje; e também por duas traições ao referencial máximo da ética e combatividade políticas pernambucanas Miguel Arraes, para se aliar ao antigo PFL.
O fato atual é que Jarbas Vasconcelos é defensor intransigente da candidatura de José Serra a presidência da República, e seu partido, o PMDB, possui tendência maior de se aliar ao projeto palaciano de Dilma Roussef.
A cruzada do senador pernambucano seria mais virtuosa se visasse à candidatura própria do partido – o maior do país, repita-se, em número de filiados e de preenchimento de cargos eletivos. Na medida em que Jarbas faz seu carnaval de denúncias em sentido diverso, isso o nivela aos demais caciques do partido que defendem a aliança petista. Conclusão: não há mocinhos nessa briga interna do PMDB, ou, ao contrário, todos defendem a mesma prática, entretanto, com personagens diferentes. Como diz um amigo, provavelmente nada mudará de significativo na democracia interna peemedebista, e certamente no seu comportamento eleitoral, porque, diz o amigo, há duas coisas estáveis na política mundial – a rainha da Inglaterra e a presença do PMDB no centro do poder político brasileiro.
Kleber Lima é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso.