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Se queres a paz, faça a guerra

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Não existe paz entre os homens! Existem sim forças culturais que no contexto de uma razão passageira, praticam uma trégua em nome da não extinção da espécie.

A guerra seja a física, com morte de muitos, ou a de palavras, é um processo continuo de mandos e desmandos de um grupo sobre outro. O macho Alfa no reino animal, sempre próspera pela força física no mundo dos  irracionais, ou nos ditos “racionais”.  Acordos são feitos momentaneamente,  para preservação do grupo em litígio.

O vencedor, no entanto, usa a guerra para impor a paz. O outro lado da paz é a humilhação do vencido.

O alto grau de violência hoje no mundo é nada mais nada menos que o recrudescimento de valores e acordos que não valem mais nada e que a geração atual e futura, “quica” como uma bola e  a chuta para o alto, não aceitando mais uma sociedade que prega em papel a existência de igualdade terrena e espiritual e esfola o outro no cotidiano. 

Não adianta aprisionar o outro na periferia sem serviços básicos, sem transportes decentes, sem um plano de saúde que funcione, sem dinheiro para um sustento mínimo, pois a revolta vem com naturalidade.

O outro é  e sempre será minha referência. Se ele tem, por que eu não posso ter? A sensação de bem estar, está em mim, com está em você. Vem com o DNA. O útero é causador disso, pois envolto em um líquido com temperatura agradável, o (a) pequeno (a) recebe com conforto o alimento da sua progenitora. De forma consciente ou não, o injustiçado parte para a briga e busca o que o outro tem, não se importando se está roubando, ou gritando nas ruas. O conforto do útero permeia o desejo do bem estar primário.

A violência vai aumentar, não sou profeta do apocalipse, é uma questão de percepção. Está todo mundo com medo, o medo traz a acuação e acuado o animal parte para o ataque, querendo justiça social.  Como disse o conjunto musical O Rappa: Paz sem voz, não é paz é medo!

Não adianta esses programas vulgares de divulgação de crimes e mais crimes mostrarem atuação do poder de polícia do Estado, pois a estatística desmente o poder de coerção. Muito pelo contrário, a violência só aumenta. A insistência estatal em aumentar as forças coatoras, são elas também, mecanismos de  aumento da violência.

Um novo acordo se prepara no útero social, contra tudo e todos, o Armagedon virá e com ele um novo  tipo de sociedade, seja aos moldes de Mad Max o filme, ou outra qualquer. Todo processo social tem desgastes, como disse o velho  Karl Marx, toda realidade traz com o tempo também sua própria negação.

Pedro Felix,  escreve em Cuiabá.

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