Com o olhar voltado para o engrandecimento cultural e uma infraestrutura focada na prestação de serviços. É assim que a Academia de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (AAU-MT) se propõe a elaborar e implementar o plano de gestão para todo o Centro Histórico de Cuiabá, que em abril completa seus 300 anos.
A proposta, que será realizada em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), vai ser possível graças ao esforço dos integrantes da Academia na captação de recursos junto à Partnership for Action on Green Economy – Page. No total, serão destinados ao projeto 63 mil dólares, o equivalente a R$ 236 mil.
Não são projetos e obras pontuais, como vemos hoje por parte do poder público, e que não resultam em melhorias significativas para aqueles que lá trabalham, moram ou transitam. Esse será um grande empreendimento de gestão de todo patrimônio histórico tombado, que compreende questão ambiental, social e, principalmente, econômica.
A Capital de Mato Grosso terá o primeiro Centro Histórico do mundo sustentável, pois o conjunto de obras tem o objetivo de conquistar um “Selo de Sustentabilidade Internacional”. Tudo isso viralizará grandes aportes de recursos internacionais para ações de urbanização, revitalização e restauração de toda a área.
Investimentos em infraestrutura serão instrumentais no cumprimento dos ODS – Objetivo do Desenvolvimento Sustentável. Ao criar empregos e atividade econômica, a infraestrutura do Centro Histórico permitirá o desenvolvimento, além de fornecer serviços que sustentam a capacidade das pessoas em serem economicamente produtivas.
O projeto já teve início com a apresentação do Plano de Trabalho para a Page. E até dezembro deste ano teremos formatado o Plano de Gestão Sustentável, que significa a primeira etapa de uma série de ações a serem implantadas para a urbanização, requalificação e restauração deste importante ícone cultural.
Mas o que queremos dizer com ‘infraestrutura sustentável’? É aquela obra planejada, projetada, entregue e gerenciada para maximizar seus impactos positivos durante todo o seu ciclo de vida. A proposta é sem dúvida algo muito novo e um desafio, voltado à Nova Economia, que decidimos abraçar com energia e coragem, por entender que é o caminho para a nova ordem da comunidade global!
Estamos todos unidos em prol dessa missão, isso inclui todos os integrantes da Academia de Arquitetura e Urbanismo do Estado de Mato Grosso, inclusive os imortais vivos, ícones mato-grossenses, como Moaçyr de Freitas, Gustavo Arruda, Antônio Carlos Candia, Mario Gomes Monteiro e José Antônio Lemos.
Também nosso imortal e amigo arquiteto e urbanista Julio De Lamônica Freire, um dos responsáveis pelo tombamento do Centro Histórico, junto com os colegas imortais João Timóteo da Costa, Oscar Arine e Walter Cavalcante Peixoto.
Com toda certeza, eles devem ter se lamentado por aqueles que moram e trabalham no berço da cultura edilícia desta terra de Pascoal Moreira Cabral e se questionado: ‘Quantas edificações ainda irão ruir?’
“(…) Palavras o vento as leva, mas a ação leva ao coração”. Experenciamos neste exato momento, um instante histórico: o convite para trabalhar junto ao coração do nosso Estado, que reviverá a partir do seu amado Centro Histórico Tombado de Cuiabá.
É importante frisar que o coração da Capital mais calorosa do país sofreu ano após ano pela perpetuação do abandono e descaso das gestões sucessivas do executivo municipal e estadual, resultando na destruição de vários casarões tombados.
Além da Casa de Bem Bem, um dos ícones da cultura edilícia mato-grossense, também desmoronou após uma chuva, no final de janeiro deste ano, a charmosa a Gráfica Pepe, na Rua 7 de Setembro, que foi a primeira gráfica e papelaria da cidade.
Se não agirmos rapidamente, não adianta se lamentar depois. Por isso, avante, Centro Histórico, vamos fazer uma revolução!
Eduardo Chiletto, arquiteto e urbanista, presidente da AAU-MT
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