Senhores Coronéis, Comandantes da “Família Miliciana”- polícia militar do Estado de mato Grosso. Estou escrevendo porque sei ser impossível conversar com os senhores pessoalmente, pois os mesmos são “ESTRELAS”, portanto inalcançáveis dentro de seus quartéis generais em tronos majestosos. Sou filha de policial e igual a tantos outros hoje não tenho o meu pai ao meu lado; e não foi porque tombou bravamente no cumprimento do dever, ou porque ele e minha mãe deixaram de se amar, são vinte anos de história – sou testemunha e prova concreta dessa união. Mas por causa de um desgaste, situação financeira, stress, incertezas. Quantos dos senhores hoje estão ainda com a primeira Esposa e filhos?
O que vocês têm a ver com isso? Absolutamente tudo! Quando transferem seus policiais para onde, quando e da maneira que bem entendem, jogando-os em cidades estranhas, sobrecarregando-os com trabalho, desestabilizando-os emocional e financeiramente, sem o amparo que lhes é devido, a meu ver são culpados! Quem vai pagar por isso? Quem fechará essa fábrica de homens desesperados, e em muitos lares pais alcoólatras, violentos, suicidas, indiferentes ou simplesmente ausentes?
Sinop já conhece um pouco de nossa história de vida, e o trabalho de meu pai, porque ainda hoje usufrui de um de seus feitos, “Comando Cotar”. Mas além de nós, sua família, ninguém mais contabilizou nossa perdas, as horas que não passamos juntos, a ausência nas refeições, reuniões escolares e pasmem ano passado não ele não estava presente aqui conosco no seu aniversário, porque tinha sido transferido para a Várzea Grande, depois de vir para cá, ir para Alta Floresta (onde sofreu um terrível acidente), para Água Boa, Cuiabá e sabe Deus para onde mais irá.
Eu vi da maneira mais triste, com olhos de filha, 20(vinte) anos de casamento sendo destruído aos poucos, ruindo devagar e da maneira mais dolorosa que um ser humano pode agüentar, e posso afirmar com categoria que cada comandante que meu pai teve contribuiu com uma parcela ainda que pequena para esse final. E é a esses comandantes que hoje mando um recado: durmam tranqüilos ou curtam a sua aposentaria enquanto eu, minha irmã e minha mãe tentamos dar um novo rumo á nossa vida.
Débora Pimentel Ibanez
Acadêmica de Direito – Unic/Sinop