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Qual o tamanho da crise? Na dúvida, aperte o cinto!

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Tenho acompanhado a evolução da crise originária no mercado sub-prime americano (carteira secundária de crédito), especialmente na carteira hipotecária dos EUA, inflada por excesso de confiança e crédito na concessão das operações que envolviam direta e indiretamente esse mercado. A “bolha” estourou e descobriram o óbvio: não fizeram bem a lição de casa, enquanto se preocupavam com os vizinhos.

O que me chama a atenção é que outras fragilidades estão surgindo, como por exemplo, a péssima conduta da gestão administrativa e financeira dos bancos de investimentos dos EUA, que na carona das securitizações e do olhar somente para o “colateral”, ou seja, para as garantias, desprezaram o histórico e o tradicional conceito de se conceder crédito pautado em outras vertentes como: caráter, perfil, potencial, liquidez, segurança e tradição do tomador de crédito independente apenas do foco nas garantias.

Esse erro, talvez empírico, esteja custando a credibilidade do sistema financeiro americano que, posso afirmar, por deficiência de controles permitiu a alavancagem das instituições financeiras em até 35 vezes o seu patrimônio, confiando no “colateral”, enquanto que, no Brasil, a média de alavancagem das instituições é de apenas 4,5 vezes o patrimônio. Acredito que essa crise pode mostrar para o mundo que o Brasil é um porto seguro para investimentos e que nosso sistema bancário, com toda certeza, é o mais seguro da atualidade com instituições sólidas e conservadoras.

A crise é bem mais ampla do que se apregoa e, fora o sistema bancário nacional, deverá afetar outras áreas como o agronegócio. Sem me aprofundar e num raciocínio rápido posso afirmar que, se o Banco Central Brasileiro demorar para agir, as conseqüências poderão ser preocupantes, na medida em que já está havendo uma retração no crédito e dinheiro em falta, notadamente, para operações de longo prazo. Lembrando que muitos bancos brasileiros montaram no trem dos IPO’S (abertura de capital ao investidor externo) com captações em dólar, o que arrefece o apetite de emprestar na ponta final por períodos mais longos. Isso afeta, sem dúvida nenhuma, o planejamento para a próxima safra e também prevê, nesse caso, uma frustração de receita pública.

Outro fato também me preocupa. Trata-se das seguradoras que estão com suas estruturas abaladas. Nem Deus há de deixar, porque só essas seguradoras garantem os “Hedges” ou seguros contra variação de moeda e proteção da safra. Já pensou o efeito disso em cadeia? Vôte! Nossos bancos oficiais, por determinação do Banco Central, devem entrar em cena logo, antes que seja tarde. A proporção que a crise poderá afetar o Brasil está diretamente ligada à velocidade das medidas que precisam ser tomadas para garantir a produção primária e os insumos para os setores secundário e terciário da nossa economia.

Acredito que ainda haverá ao longo deste ano muitas revelações dos reais motivos e da profundidade da crise americana. Estão escondendo do mundo a incompetência e a leniência que tiveram com o sistema financeiro. O pior é que algumas empresas brasileiras de porte, por erro de estratégia de seus executivos, também pagarão essa conta e com certeza muitas cabeças ainda vão rolar. Acredito ainda que, embora a crise seja muito grave, os japoneses, europeus e árabes estejam iguais a sucuri “cubando a presa”, para no momento adequado, começar a engolir e degustar o sistema financeiro americano.

Eder de Moraes Dias é Secretário de Fazenda de Mato Grosso.

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