Nas últimas décadas convencionou-se atacar o agronegócio como o principal vilão quando a questão são os problemas referentes ao meio ambiente. Uso de agrotóxicos contaminando nascentes de rios? Culpe os agricultores! Queimada de florestas? Culpe pecuaristas! Nada mais inverídico e injusto do que estas levianas acusações. Ninguém tem mais interesse na proteção e preservação do ambiente que os produtores rurais, pois é dele que eles sobrevivem. Se não houver terra, mata, floresta, capim, água, não existe pecuária, não existe agricultura.
Em um feliz artigo, o articulista Marcelo Sepulveda fez uma série de reflexões sobre os focos de incêndio, tema que tem tomado os noticiários nacionais e internacionais: “Você seria capaz de colocar fogo na sua empresa? Ou atear fogo no seu trabalho? Quem sabe por fogo na sua casa? Ou então pôr fogo no seu carro ou simplesmente queimar tudo o que você conseguiu juntar em anos de trabalho?”.
Ao que ele responde: “Não né! Pois é, não me surpreende sua resposta, ninguém em sã consciência seria capaz de tamanha loucura! ”. A caça às bruxas promovida contra fazendeiros e todos os envolvidos no agro chega à beira do absurdo. Programas de comédia fazem sátiras ridicularizando práticas sem nenhum conhecimento de causa, deixando a sociedade com mais medo.
Mas qual o interesse do agropecuarista em envenenar o alimento que ele próprio consome? Qual o interesse do pecuarista em judiar do animal que dá sustento a ele e sua família? Novamente, nenhum. O homem do campo – e o nome já diz, DO CAMPO -, é o maior interessado em preservar o meio ambiente, pois ali é a casa dele, é onde ele vive. E aqui, tomo a liberdade de reproduzir um dado divulgado no artigo de Sepulveda: 60% de tudo que está preservado no país estão dentro das fazendas.
Podíamos dar ao público que lerá este artigo mais mil razões para convence-lo de que o vilão aqui não é o homem do campo, não é o fazendeiro, não é o pecuarista.
Se tem algo que deve ser culpado pelos incêndios que agridem nossos diversos biomas esta época do ano, são certos estilos de vida ao qual uma parcela da população está acostumada.
O fumante que joga uma bituca de cigarro na beira da estrada, e como bem enumerou Sepulveda: a latinha vazia jogada pela janela do carro, o marmitex de metal, qualquer peça metálica que caia dos veículos é um condutor de combustão, que sob esse calor forte e nesse tempo seco, um pedaço de metal aquecido pelo sol junto a um mato seco é o suficiente para um desastre!
O homem do campo, muito pelo contrário, arrisca a sua vida para salvar suas plantações e a vida de seus animais. Fazem de tudo para proteger sua única riqueza: sua terra!. E todo ano eles enfrentam esse pesadelo, pois quem depende do cerrado para sobreviver muito bem sabe que o cerrado é um bioma que depende do fogo para sobreviver.
Ao homem do campo cabe continuar, nessa época do ano, fazendo seu aceiro durante o final das águas para que o fogo, que normalmente se inicia na beirada das rodovias não adentre as suas terras, ou para que a faísca da fazenda vizinha não pule para outra e assim por diante. Existem produtores que tem até equipamentos para uma brigada de incêndio para combate ao fogo!
Então, é hora de achar que as vítimas são os bandidos, ter um pouco de empatia com o homem do campo e começar ajuda-los e não apontar o dedo.