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Prisão não educa

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Realmente não consigo compreender a paranóia do Estado brasileiro em vangloriar-se da estatística dos encarcerados nas prisões. É a mesma paranóia do governo federal em comemorar o número de pessoas que entraram no bolsa-família em vez de comemorar as saídas. Também não compreendo que essas estatísticas nacionais e estaduais dos encarcerados divulgadas ontem, não digam nada aos gestores públicos do país e de Mato Grosso.

Dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias mostram que em Mato Grosso existiam 7.248 detentos em 2006. Em maio de 2014 eram 10.357, 43% mais. Mato Grosso ocupa o 10º. lugar entre os estados em número de detentos. Obviamente os dados não cruzam com matrículas e nem com evasão escolar. O resultado seria muito didático. Porém, continuo não compreendendo. Na gestão Blairo Maggi, recordo-me do chefe da Casa Civil, Coronel Novacki, orgulhando-se das polícias terem duplicado o número de presos no estado. É eficiência, mas é uma triste eficiência, porque o ideal era prender menos pessoas.

A falta de projetos do governo de Mato Grosso sobre a educação como fator de inclusão social redutor da criminalidade é uma coisa cristalina. Mas não se compreende como os setores da educação, da segurança e o penitenciário não conversam entre si. Nem traçam políticas capazes de dar garantias à sociedade e aos cidadãos. Essa garantia não é só o não ser roubado. É dar ao ladrão, opções desde cedo para ele não precisar roubar lá na frente. Tempos atrás conversei com a lúcida Coronel Zózima do projeto Rede Cidadã, da Polícia Militar, sobre a prevenção lá no bairro. A escola lida com um aluno hiperativo do século 21 com métodos do século 19. A Unesco em Cuiabá tem levantamentos mostrando que alunos com capacidade de liderança são excluídos pelas escolas porque tem atitudes diferentes da norma comando e controle vigente.

O uso de bonés, de tatuagens, de piercings e roupas ousadas causam discriminação escolar e os alunos são estigmatizados até saírem da escola ou serem expulsos. O fato é que a educação ainda é a atitude mais barata que manter um judiciário lotado de processos criminais, hospitais com custos altíssimos por acidentes de veículos e por violências, prisões caríssimas, polícias cada vez mais caras.

A pergunta indecente que merece uma resposta decente é: por que a educação não é planejada como o ponto de equilíbrio da sociedade pra evitar as estatísticas carcerárias, policiais, hospitalares, acidentes de trânsito?
A resposta não parece difícil. O status quo beneficia alguém. A quem?

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

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