Se você acredita que ao ler as linhas abaixo terá a resposta da pergunta do título deste texto, já te adianto que não. E sabe o porquê? Porque eu não tenho uma resposta plausível para tudo que tem acontecido na nossa Câmara Municipal desde a terça-feira, dia 14 de novembro de 2017. Mas te peço, não desista, vá até o fim e quem sabe juntos conseguiremos encontrar as explicações.
Caso não se lembre, foi nessa data que o requerimento para a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o recebimento de maços de dinheiro pelo prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, que na época era deputado estadual, foi lido em plenário. O montante foi entregue pelo então chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa, Silvio Cézar Corrêa Araújo. Pinheiro guardou o valor recebido nos bolsos do paletó. Toda a ação foi registrada em vídeo.
Naquela terça-feira acreditei que eu e os meus colegas vereadores dávamos um passo importante rumo ao cumprimento de uma das nossas funções, fiscalizar e investigar a conduta do chefe do poder Executivo municipal. Queríamos saber se Pinheiro cometeu quebra de decoro enquanto deputado o que tira a moralidade dele para exercer o cargo de prefeito de Cuiabá e também se tentou obstruir a Justiça. Infelizmente, a minha ilusão durou menos de 100 dias.
Neste curto período conseguimos ouvir o ex-governador Silval Barbosa. Também realizamos oitivas com o ex-secretário de Indústria e Comércio, Alan Zanatta, com o servidor da Assembleia Legislativa, Valdecir Cardoso de Almeida, responsável por instalar a câmera usada para gravar o prefeito Emanuel Pinheiro recebendo o dinheiro e com o próprio Sílvio Corrêa.
Apesar das diversas contradições nas informações prestadas por eles, tudo caminhava conforme o esperado, o quebra-cabeças ia sendo montado. Ainda faltavam 71 dias para o fim do nosso prazo, tínhamos tempo para ouvir outras peças chaves. O fato é que o protecionismo imperou. Uma verdadeira operação abafa foi colocada em prática. O relator da CPI, Adevair Cabral e o vereador Mário Nadaf (PV), protegidos pelo presidente da Câmara Justino Malheiros, e outros colegas, conseguiram parar a investigação.
O irmão do prefeito Marcos Polo Pinheiro, o “Popó”, que defendeu Emanuel Pinheiro e disse que ele recebia um pagamento por pesquisas, estava na nossa lista. O ex-deputado estadual José Riva, responsável por distribuir a propina na Assembleia Legislativa, também seria ouvido por nós. Te pergunto, será que Riva não teria nada de importante a nos contar? Ou será que alguém, além do próprio Emanuel, poderia ser “prejudicado” com a vinda dele à Câmara?
A verdade é que ficou claro que membros da CPI a travaram. Mas nós não nos demos por vencidos. Acreditamos que a população cuiabana quer a elucidação dos fatos. E nós vamos buscá-la.
Não vamos nos contentar com o relatório que Adevair Cabral vai apresentar à tribuna. Estamos trabalhando junto com vereador Marcelo Bussiki (PSB), presidente da CPI e único a votar a favor da continuidade das investigações, em um relatório independente.
Apesar do impedimento das demais oitivas, o material que produzimos é uma grande evolução e não vamos permitir que ele seja perdido. Vamos encaminhá-lo aos órgãos competentes, Ministério Público Estadual (MPE), Procuradoria Geral da República (PGR) e ao próprio Judiciário.
Para nós, a CPI não terminou. O 2 a 1 de sexta-feira, nove de março, não é o final do jogo. Vamos para a prorrogação e até para os pênaltis, se preciso for.
Felipe Wellaton é vereador eleito por Cuiabá