Estamos em pleno período da copa do mundo da FIFA 2014, considerado o maior espetáculo da terra que mobiliza a energia humana e dos meios de comunicação de massa. Durante um mês as atencções do mundo estarão voltadas para o Brasil, estimando-se que esses jogos serão vistos por mais de dois bilhões de pessoas. Para o bem ou para o mal, neste mês de junho, também haverá um outro espetáculo que, em outras circunstâncias deveria chamar a atenção dos brasileiros, que são as convenções partidárias para a escolha dos candidatos a Presidente da República, senadores, deputados federais, estaduais e governadores de estado.
A copa é um evento passageiro e poucas consequências produzem na vida das pessoas, euforia para alguns, decepções e frustrações para outros. Todavia, o que acontece nas convenções irão influenciar o processo eleitoral e, depois, os destinos das pessoas e do país. Mesmo que boa parte deste espetáculo politico esteja mais próximo de uma farsa do que de mudanças concretas e profundas que possam contribuir para a solução dos problemas e desafios que afetam a vida do povo, o desencanto do eleitorado com os governantes continua cada vez maior.
No momento estamos diante de um embate surdo e complicado entre os partidos que ocupam o governo federal, capitaneados pelo PT e seus aliados que desejam continuar aboletados nas estruturas do poder, já aparelhado completamente, para usufruirem de suas benesses e manterem seus esquemas , tráfico de influência e práticas corruptas que a cada dia vem a público. De outro lado, surgem duas correntes representadas basicamente pela aliança PSDB e DEM, capitaneadas por Aécio Neves; e a outra representada pelo PSB e PPS, tendo Eduardo Campos e Marina Silva como os principais protagonistas. Em torno dessas duas correntes algumas outras siglas de menor expressão vem hipotecando apoio tentando uma mudança singificativa na política nacional, como desejam mais de 75% da população brasileira, já cansada da falta de rumo do atual governo.
Duas pesquisas recentes de opinião pública, uma realizada pelo DATA FOLHA há pouco mais de uma semana e outra conduzida pelo IBOPE há poucos dias apontam uma queda acentuada e continua de Dilma nos últimos meses, indicando a possibilidade concreta de que as próximas eleições para Presidente sejam decididas em segundo turno, incluindo até mesmo uma derrota da atual Presidente e de seu grupo de apoio, a começar pelo PT.
Segundo o Data folha Dilma despencou de 44% da preferência dos entrevistados em fevereiro último para 34% neste início de junho, enquanto o conjunto de candidatos de oposição passou de 27% para 35% no mesmo período. Outro dado interessante é que Dilma se aproxima da zona de derrota nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste e começa a perder fôlego também no Nordeste, o maior reduto do PT e do Governo Lula/Dilma graças ao Bolsa Família. Os índices de rejeição do Governo que antes eram de apenas 15%, já está em 26%.
A mesma tendência foi constatada na pesquisa do IBOPE desta semana. Em maio Dilma tinha 40% das preferências dos entrevistados e a soma dos candidatos de oposição 36%. Neste início de junho Dilma caiu para 38% e a soma dos candidatos de oposição subiu para 42%. Com excessão da população das classes C e D, que representam a clietela do bolsa família e outras poíticas assistencialistas do Governo e de boa parte do Nordeste, Dilma caiu na preferência em todas as demais regiões e classes sociais.
Mesmo que o Brasil venha a conquistar o hexa e isto possa ser altamente manipulado pelo Governo a seu favor, passada a copa o povo vai acordar desta letargia de pão e circo , e perceber que os reais problemas que afetam o país continuam. O caos na saúde, a violência, a educação de baixa qualidade, a corrupção, o transporte público de péssima qualidade, a precariedade da infra-estrutura, a inflação, os baixos índices de crescimento da economia e a mediocridade do governo deverão vir mais a tona, fruto dos debates políticos que devem ocorrer, mesmo que Dilma fuja e não compareça aos mesmos!
Pão e circo podem alimentar a ilusão de um povo sofrido, mas jamais perdura por muito tempo. Isto tem sido demonstrado pela história e no Brasil não deve ser diferente.
Juacy da Silva, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
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