Costuma-se dizer que a corrupção assemelha-se a uma hydra ou a um polvo tantas são suas ramificações, tentáculos e cabeças. No caso da hydra é uma figura mitológica de uma enorme cobra com sete cabeças horripilantes e vorazes, que quando está com fome alimenta-se do sangue e da carne de seres humanos que consegue capturar. No caso do polvo é um moluscco, invertebrado, que pode chegar a ter 96 tentáculos como um descoberto em 1998.
A corrupção se alimenta dos recursos tanto dos cofres públicos quanto do setor empresarial e destina-se a saciar a fome de poder, de influência,, de riqueza, de prestígio, de vida boa, enfim, de regalias que o cidadão comum jamais conseguirá alcançar com seu trabalho duro e honesto. Geralmente os corruptos não tem remorso de suas ações, não se envergonham de corromperem ou serem corrompidos, principalmente se ocupam altas posições nas hierarquias governamentais ou do meio empresarial,mentem com a maior cara lavada.
Por ser uma forma criminosa de agir os corruptos e corruptores fazem parte de uma rede denominada de criminosos de colarinho branco, pelo fato de usarem ternos, gravatas no caso dos homens e vestidos chic no caso das mulheres e atuarem em ambientes requintados, gabinetes de autoridades , restaurantes finos ou até mesmo em motéis.
De outro lado, existem os bandidos considerados comuns, esses que organizam e operam redes responsáveis por contrabando, descaminho, jogos de azar, contravenção, roubos, assaltos, tráfico de drogas, de armas e prostituição. Alguns até conseguem dar uma fachada legal aos seus negócios criminosos através de empresas , enquanto os criminosos de colarinho branco usam os/as famosos/as laranjas, fundações, ONGs, e outras organizações que também são organizadas legalmente.
Até pouco tempo o povão imaginava que existiam dois mundos. Um do crime organizado de colarinho branco, praticado pelos agentes públicos e seus sócios no mundo empresarial, religioso ou outro setor, considerado quase inofensivo, já que costumam praticar seus crimes, com algumas excessões, sem violência física. A arma usada geralmente é o computador, a caneta, seus cargos e mandatos. O Espaço do crime é quase sempre a administraçao pública, nos três Poderes da República e em todos níveis da Federação (União, Estados e municípios).
Todavia, com o fim do regime militar, com o ressurgimento da imprensa livre, ivestigativa e um pouco de esforço dos organismos de controle e repressão do Estado, parece que quando as coisas estão passando dos limmites do tolerável, as organizações e os esquemas de atuação da corrupção são "detonados", para dar uma certa satisfação `a opinião pública que ameaça uma certa indignação.
No entanto, a maior parte das ações, além de serem pontuais, acabam reforçando o clima de privilégio e impunidade quando se trata de crimes praticados por autoridades.
Ao longo dos 25 anos de "redemocratizaçao" do Brasil, centenas de casos, alguns com enorme repercussão como foi o impeachment de um presidente, o assassinato de um grande vulto que era verdadeira eminência parda no referido governo, o caso do mensalão que já está quase prescrevendo, o mensalão do DEM, envolvendo o Governo do DF, o atual caso Cachoeira, Senador Demóstenes Torres, DEM, PSDB, PPS, PT inlusive os Governos de Goiás (PSDB), do DF( PT), Ministério Público de Goiás, uma das maiores empresas (DELTA) com contratos bilionários com os Governos do Rio de Janeiro, DF e outras obras do PAC, dão a dimensão das ramificações da corrupção no Brasil.
Talvez seja por isto que o Governo Dilma e os partidos da base aliada, tenham dificultado tanto para que fosse possível a criação da CPMI do Cachoeira e depois de criada esteja tentando limitar o âmbito da investigação . O Governo acabou criando uma CPMI chapa branca que com certeza vai acabar em pizza, principalmente agora que as denúnicas comecam a chegar a empresas que tocam obras do PAC, a "menina" dos olhos da Presidente!
Além disso existem dezenas ou centenas de inquéritos e investigações na PF, CGU, TCU e TCEs, Delegacias Fazendárias, Ministério Público Federal e Estaduais, CPIs. Talvez fosse o caso de juntar todos esses processos e realizar um mutirão para ir mais a fundo nas apurações desses crimes contra os cofres públicos e que os criminosos de colarinho branco tambem fossem trancafiados em prisões de segurança maxima, como tem ocorrido com os chefes do crime organizado da bandidagem comum.
Parece até uma certa injustiça, porque bicheiros, contaventores que agem em associação com autoridades e gente importante do mundo empresarial e politico vão para a prisão e seus comparsas de colarinho branco apenas perdem os cargos ou mandatos e depois de alguns anos voltam novamente a ocuparem posições na vida pública brasileira?
Juacy da Silva, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, ex-diretor da ADUFMAT, mestre em sociologia – colaborador de Só Notícias !
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