Dentro de poucos dias os novos governadores saberão o tamanho dos abacaxis que lhes esperam. Para os que foram reeleitos, a herança maldita provém de suas ações ou omissões como chefes do poder executivo nos Estados, fruto da incompetência em realizar o que prometeram há quatro anos ou das dificuldades em definir políticas públicas e as correspondents estratégias coerentes com os prolemas que todo mundo conhece muito bem.
Para os governadores que foram eleitos, dependendo do alinhamento politico estadual ou nacional, os desafios podem ser maiores ou um pouco menores. Neste sentido podemos dividi-los em dois grupos. O primeiro são os que vão suceder chefes do executivo que fazem parte do mesmo grupo politico estadual ou nacional, como no caso da Bahia, de Pernambuco ou Ceará, onde os novos governadores fazem parte do mesmo grupo que já estava no poder há oito anos ou mais. Para esses o desafio é conseguir promover “avanços” prometidos pelos seus antecessores.
No segundo grupo, estão os governadores que foram eleitos em confronto/oposição com as forças que já estavam no poder seja nos quatro, oito ou doze últimos anos. Neste caso os eleitores deram um cartão vermelho para os antigos donos do poder e apostaram na mudança de métodos, de ética e transparência na gestão pública e nas transformações sócio econômica do Estado.
Este é o caso de Mato Grosso, onde o Governador Pedro Taques conseguiu quebrar doze anos de hegomonia iniciado com o atual senador Blairo Maggi, que esteve no Governo por sete anos, sendo sucessido pelo seu vice de então, Silval Barbosa, depois re-eleito para mais quatro anos, concluidos de forma melancólica impossibilitando-o até mesmo ser candidato a qualquer outro cargo, como deputado federal ou senador, pois se asssim o fizesse com certeza seria derrotado nas urnas como aconteceu com alguns políticos que se julgavam donos de currais eleitorais.
Pedro Taques tem inúmeros e homéricos desafios pela frente, a comecar pelo saneamento fiscal, financeiro, ético e moral da administração pública. Além das obras bilionárias e inacabaas da SECOPA, outros setores da infra-estrutura do Estado estão totalmeente sucateados. Afora isso caberá a Pedro Taques e sua nova equipe, cujos integrantes do primeiro escalão não contemplou qualquer polítco com mandato, impossibilitando as bargaanhas em torno de “oportunidades” para que suplentes assumissem mandatos na Assembléia Legislativa, terão que dar uma resposta efetiva e rápida em relação a quatro ou cinco problemas/desafios críticos.
Esses desafios, independente de hierarquia de importância e premência, a meu ver e segundo o que as pesquisas eleitorais indicavam, são: primeiro, a falência da segurança pública, sucateamento do aparato das polícias civil e militar ante o aumento incrível da criminalidade e bandidagem em nosso Estado, principalmente nas maiores cidades; segundo, o caos da saúde pública estadual, em crise permanente e completamente sucateada também; terceiro, a educação pública estadual, que durante doze anos foi aparelhada pelo PT e cuja herança pode ser percebida pela baixa qualidade do ensino médio nos últimos exames do ENEM. Neste aspecto MT compete com as piores escolas do nordeste. A UNEMAT também passa por uma crise orçamentária, financeira e de gestão que impõe um choque para que a mesma possa cumprir seu papel em nosso Estado.
Por último e não menos importante é a questão ética, ou seja, Pedro Taques deveria promover uma auditoria independente em todas as secretarias e grandes programas estaduais, inclusive na gestão dos incentivos/renúncia fiscal, nas negociações da divida estadual e na real situação fiscal e financeira, para identificar os buracos que existem na administração estadual, aparelhada e inchada durante doze anos por grupos e partidos políticos que imaginavam e ainda imaginam que cabe ao povo pagar tantos impostos para em troca ter serviços de baixa qualidade e ainda ter que alimentar uma rede de corrupção.
Se assim fizer, Pedro Taques irá marcar não apenas a sua história, sua trajetória pessoal, mas também irá colocar MT no rumo de um governo sério, responsável, eficiente, ético, transparente, onde os frutos do desenvolvimento e da gestão pública devam ser compartilhados por toda a população e não por grupos e caciques que usam o poder para defenderem seus próprios interesses e colocar o Estado a seu serviço, apesar de falarem demagogicamente em nome do povo.
O povo elegeu um novo governo para mudar a imagem e a realidade de nosso Estado e caberá a Pedro Taques corresponder a esses anseios e esperanças. Tenho certeza que nosso Governador vai fundo neste desafio!
Juacy da Silva, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
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