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Os caminhos do futuro 4

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Depois de publicar três artigos sob o mesmo titulo tenho recebido alguns email tecendo comentários sobre as questões referidas nesses artigos. Um email chamou de forma mais direta minha atenção. O missivista depois de uma série de observações indagava ou sugeria que eu deveria apontar as razões pelas quais o Brasil com tantos recursos naturais, com um PIB situado entre os dez maiores do mundo, mais precisamente, o oitavo ou nono, dependendo da fonte de referência, não consegue reduzir as desigualdades, a fome, o analfabetismo, a violência, a corrupção e vários outros males que todos conhecemos. Outro email pedia para que eu respondesse de forma direta qual ou quais os segredos de pequenos países que prosperaram, se desenvolveram, conseguiram atingir patamares elevados em IDH, em condições e níveis de vida que fazem inveja a qualquer brasileiro. Ao responder a esses interlocutores e interlocutoras, como costumo fazer com todas as pessoas que entram em contato, por julgar ser esta uma forma democrática e cordial de relacionar-me com as demais pessoas que também estão interligadas no mundo virtual, disse que em meu próximo artigo iria apontar alguns dados e indicadores que “explicam” a situação brasileira de um lado e o que acontece ou aconteceu nesses países de outro. Os exemplos desses países são muitos. Cada qual representando um modelo diferente, um caminho diferente e uma experiência histórica, política, cultural, econômica e social bem diferente. Enfim, da mesma forma que as pessoas, cada país tem uma identidade própria e não podemos imaginar que o desenvolvimento ocorre pela simples cópia de um modelo. Esta é a primeira realidade que devemos considerar. O destino ou como eu costumo dizer os caminhos do futuro de cada país dependem do povo e dos governantes e da conjugação de forcas internacionais em que estamos inseridos, tanto no passado quanto no presente e no futuro.
Mas existem alguns aspectos comuns em todos esses “casos de sucesso”. Todos esses países um dia também apresentavam elevados índices de analfabetismo, miséria e baixa qualidade de vida com altas taxas de mortalidade infantil, condições de saneamento terríveis, níveis elevados de violência em geral, enfim, bem semelhantes a que o Brasil experimenta há décadas ou séculos.

A única diferença é que tais países conseguiram dar a volta por cima, como se costuma dizer e o nosso vive atolado em um grande pântano onde a mediocridade, a corrupção, a má gestão e os desvios não nos têm permitido construir um projeto de desenvolvimento nacional que dê certo. Esses países definiram, em algum momento e períodos de sua história, que a educação, a ciência e a tecnologia seriam suas prioridades por décadas e foram fundo neste propósito e nessa caminhada. Enfim, a quase totalidade de tais países experimenta características como a ausência dos fatores tidos como condições básicas para o desenvolvimento: território grande, abundância de recursos minerais, água, clima excelente, população numerosa e fontes energéticas. Como não tinham e não tem tais condições tiveram que optar pelo bem mais precioso que é o conhecimento e conseguiram transformar conhecimento na mais importante alavanca para superar essas carências e apostaram no futuro de forma racional e continuada. Exemplos como da Coréia, de Taiwan, de Cingapura, dos países nórdicos e de outros “pequenos” países europeus demonstram o que tenho argumentado e confirmam essas hipóteses explicativas das diferenças de patamar de desenvolvimento.

A Coréia do Sul, por exemplo, durante quase seis décadas tem investido efetivamente em educação, ciência e tecnologia e os resultados estão aí para quem desejar ver. O mesmo pode-se dizer dos demais países referidos.
Os investimentos da Coréia do Sul em ciência e tecnologia (pesquisa e desenvolvimento) têm sido em torno de 3,1% do PIB enquanto o Brasil por décadas investiu apenas 0,6% tendo atingido seu maior patamar em 2008 com 1,13%. Os países da OCDE investiram nesta área em 2008 US$ 40,1 bilhões e o Brasil apenas 1,3 bilhões.

Enquanto isto, nosso país continua exportando bens primários (minérios, produtos agrícolas in natura) que praticamente não agregam valores e deixam um passivo ambiental imenso para as gerações futuras e esses outros países exportam produtos industrializados de alto valor agregado, gerando níveis elevados de renda e PIB per capita e outros indicadores de desenvolvimento. A Coréia do Sul e Taiwam por diversos anos investiram em torno de 40% de seus orçamentos públicos em educação enquanto o Brasil fica em um patamar que bem conhecemos. Resultado: a qualidade da educação nesses países é muito melhor do que em nosso país. Os números apontados pela ONU e outros organismos tem demonstrado esta realidade.

Além dessas definições de prioridades esses países valorizam o planejamento, a visão de longo prazo, a continuidade de políticas públicas, gestão eficiente, transparente e ética e acompanhamento das ações planejadas em relação aos objetivos e metas estabelecidas ao longo da caminha rumo ao futuro. Isto tudo pode explicar melhor os questionamentos dos leitores e eleitores que  às vezes ficam frustrados com o que acontece em nosso país.
 
Juacy da Silva, professor universitário, aposentado UFMT, ex-Diretor da ADUFMAT, ex-Ouvidor Geral de Cuiaba,  mestre em sociologia.

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