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Orai e vigiai

Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria em Mato Grosso
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A Organização Mundial de Saúde Animal – OMSA confirmou na última semana um
caso de febre aftosa próximo a cidade de Berlim, na Alemanha. A doença vem à
tona no centro da Europa novamente depois de mais de 40 anos. A febre aftosa
é uma doença viral que incide sobre bovinos e suínos, e tem um impacto
econômico gigantesco principalmente em países onde a pecuária de corte e
leite são fundamentais para a economia.

Aqui no Brasil o último evento foi em 2006 no estado do Mato Grosso do Sul,
próximo a divisa do Paraguai, e apesar de já se passarem quase 20 anos, o
tema ainda tira o sono de muita gente, afinal todos se lembram do desastre
que aconteceu com o preço da arroba do gado.

De lá para cá foi uma verdadeira corrida das entidades privadas em organizar
a cadeia de prevenção. Fundos indenizatórios foram criados, programas de
prevenção e vigilância implantados e muito foi feito no empoderamento dos
serviços de defesas estaduais com veículos, pessoal e estrutura de trabalho
para evitar que o vírus voltasse ao cenário.

Hoje há quem jura de pé junto que não existe vírus circulante no Brasil, e
os testes de sorologia mostram que realmente foi feito um trabalho muito bem
feito entre os produtores, estados e governo federal principalmente em
relação à vacinação obrigatória. O trabalho deu resultados tão bons que o
Brasil ousou implantar um plano de retirada da vacina obrigatória, o Plano
Estratégico do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa – PNEFA.

Com isso, o Brasil entra para a lista seleta de países com o status
sanitário livre de aftosa sem vacinação, o que dará acesso à carne bovina
produzida aqui a mercados extremamente exigentes, como o Japão por exemplo,
e quanto mais exigente, melhor a remuneração, essa é a regra. Mas o fato é
que desde abril de 2024 não se aplica uma dose sequer de vacina por aqui, e
em maio próximo, na Bela cidade de Paris seremos oficialmente reconhecidos
pela OMSA.

E como Inês já é morta, começa aí um novo ciclo, o da vigilância.

Será cada vez mais importante e necessário o serviço de defesa oficial.
Monitoramento, vigilância, investimento, capacitação e pessoal farão parte
de um mantra que deverá ser repetido diariamente pelas autoridades
brasileiras, afinal são 240 milhões de bovinos e bubalinos andando por todo
canto do país.

A prevenção será o nosso lema, já que não temos mais pontes para voltar.

O serviço de defesa oficial será o único responsável daqui por diante pela
manutenção desse status, e isso irá requerer muito investimento em pessoal,
equipamentos e estrutura sobretudo nas áreas de fronteira internacional,
lembram do caso de 2006?

Ah, os fundos estaduais serão essenciais, ou alguém aí acha que o governo
federal vai fazer isso sozinho? E no final do dia é justo até porque o maior
prejudicado se alguma coisa der errado será o próprio produtor rural.

Por fim, só nos resta orar e vigiar.

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