Há pouco mais de dois anos, a advocacia de Mato Grosso me deu a grata satisfação de presidir a Ordem dos Advogados do Brasil por um novo período de três anos – que terminará em dezembro vindouro. Foi uma vitória maiúscula, a representação mais clara do reconhecimento de um trabalho essencialmente voltado a defesa dos interesses da advocacia brasileira, especialmente daqueles profissionais engajados na luta pela construção de sociedade mais justa e mais fraterna como princípio essencial do estado democrático de direito. Vitória que não deixou margem de dúvidas sobre o comportamento ético e sério de cada um dos que se propuseram a empunhar a bandeira da representação.
Depois de exaustivos debates, inclusive na imprensa, acreditávamos que o resultado final apenas privilegiou a experiência e o respeito ao trabalho desenvolvido ao longo dos anos anteriores. Mas, sobretudo, naquele momento, acreditávamos – eu, particularmente – na possibilidade do engajamento de forças para seguir com a luta em defesa das prerrogativas, da melhoria das condições da advocacia, da celeridade do Judiciário, dos interesses corporativos da classe, especialmente na parte assistencial ao profissional e à sua família, enfim, as diversas e remotos embates travados pela nossa organização.
Passados dois anos, lastimo constatar que estava redondamente enganado. Aquela oposição de críticas duras em época de campanha não fez outra coisa a não ser, traduzindo, “virar as costas” para os interesses dos seus eleitores. Mais de dois anos se passaram e, para minha surpresa, aqueles que se diziam prontos para colocar suas vidas a disposição da luta em favor da classe, nada mais fizeram que sumir. Isso mesmo, desaparecer da Ordem. Mal colocaram os pés na instituição para pagar suas respectivas anuidades. Duas ou três vezes tivemos o privilégio de ver pessoas daquele agrupamento presentes na nas discussões abertas, plurais e democráticas do augusto Conselho Seccional, maior instância deliberativa da OAB, por resumo Estatutário.
Ainda assim, uma presença fugaz, pontual, apenas e tão somente para discutir temas que afetavam certamente os próprios interesses, como a questão das mudanças na forma de definição da composição da lista sêxtupla. E só. Aquele grupo limitou-se a criticar as opções de um colegiado legítimo. Infelizmente, não se pautou para os debates internos. Preferiu os discursos radicais, usando apenas a mídia. Nas sessões que “marcaram presença”, seus pares entravam mudos e saíam calados. Lamentavelmente!
Em outra ocasião, essa oposição, num ato de oportunismo, veio a público criticar a minha postura quando meu nome foi mencionado para ingressar na chapa do prefeito Wilson Santos como candidato a vice. Tentando tirar proveito da situação, visando apenas capitalizar-se perante a classe, desmerecendo todo o trabalho que realizamos para engrandecer o nome da entidade, fui atacado e acusado de estar usando esta entidade para promoção política. Pobres! Não conhecem a minha história de luta política pela democratização e tampouco pelo crescimento da Ordem que tenho a honra de presidir. Mais uma demonstração de desconhecimento da história, do dia-a-dia; a revelação do descomprometimento com as causas da advocacia do Brasil e em especial de MatoGrosso.
O afogadilho e a precipitação tem sido a grande marca dessa oposição. Neste momento, com quase um ano de trabalho pela frente, com grandes embates da Ordem para serem tratados, já agendam o debate de candidaturas. Candidatura, diga-se de passagem, de si próprio. De nossa parte, discutiremos o assunto no tempo adequado. Inclusive, apresentando, como temos feito diariamente, o conjunto de ações em favor da classe e de sua valorização profissional. Adianto que se não foram todas aquelas sonhadas, com certeza, uma coisa é certa: foram todas as que encaminhamos em campanha.
Lamento, por fim, que tratam a gestão da Ordem como “agora é a minha vez” quando, em verdade, deveria ao menos conhecer a estrutura que move a nossa entidade. Não é assim! A classe dos advogados em Mato Grosso tem se pautado sempre em buscar aqueles que realmente têm algo a lhes oferecer no que diz respeito à luta e participação. E não de profissionais que esperam ter tempo para então se dedicar às questões inerentes à classe. No tempo certo, insisto, esse debate virá. Mas no tempo certo!
Francisco Faiad é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso