O pecuarista está com medo de vender, e o dono do frigorífico com medo de comprar. Tem dono de frigorífico afundando “assoalho” entre a sala do comprador e do vendedor, com certeza passando pelo departamento de custo…
A conta não fecha, e isso é a única verdade sobre a qual se faz consenso.
Não há negócio estável tão pouco resultado pré-definido.
As compras ocorrem no “escuro” contando com novos preços que não estão vindo para a carne. Aqueles que exportam esperam por um dólar do passado ou um aumento de preços em dólar, sonhando que um dos dois os poderá “salvar”. Quem está no mercado interno se apega à falta de boi para não pensar em um mercado retraído e pessimista, que não vai pagar o necessário em seus produtos. Interessante ressaltar aqui, que o fenômeno ocorre na compra e na venda.
O vendedor da indústria obrigado a elevar o preço da carne, oferta com medo de perder a venda. O comprador das redes de varejo com medo de ficar com a carne no estoque, não quer comprar, porque aposta que com o mercado ruim os preços poderão cair.
Lá no outro lado do processo está o pecuarista olhando seus custos. O milho base da alimentação está caro, e com pressão de ficar mais caro ainda. A reposição, que aqui também é consenso, será insuficiente para abastecer de boi magro àqueles que engordam.
O preço, ainda que seja a maior “bandeira” daqueles que tem boi, não é a sua maior necessidade. Um custo de alimentação estabilizado e uma reposição garantida dariam tranquilidade ao setor.
Na operação do medo uns trabalham com contas sem as fecharem, amargando prejuízos, e outros trabalham no escuro profetizando preços sem entenderem que se não houver quem os pague na ponta (gôndola), não vão se estabilizar.
O setor de carne vermelha, e aí coloco os dois personagens juntos terá que encontrar um equilíbrio para o bem dos dois.