Não há mais espaços para ideologias meramente teóricas, algo de concreto há de ser sempre o resultado. É a sinceridade tomada como princípio ético – moral político. Vale isso à todos, e à todas as instâncias. Não adianta falar do que vai ou poderá fazer, mas sim falar do que fez.
O Poder Judiciário por exemplo, tanto nos referenda com a questão do certo ou errado. Deveria agora que tem a chance, demonstrar, cabalmente, que o certo além de praticado no discurso é discurso praticado, punindo exemplificadamente cada um dos envolvidos na venda de sentenças desmascarada. É multiplicamente ofensivo ao Estado Democrático de Direito a impunidade dos juízes corruptos, representa, entre outras coisas, a ofensa de que todos são iguais perante a Lei. Caso sejam, então punam aos que alimentam a corrupção, com o mais ou pelo menos com a mesma severidade dos que são os alimentados pela a corrupção. Ao não exemplificar a sua coerência de atuação, o Poder Judiciário, é descabo da descrença, tal situação funciona muito melhor para impedir processos do que as sumulas vinculantes, impeditivas de recursos ou qualquer outro artifício. A suspeita de corrupção golpeia os esperançosos, iguala os corretos e ruindo o ideal da democracia. Mas a certeza da impunidade arranha a alma daqueles que almejam justiça. Aliais justiça rápida de preferência.
Aos verdadeiros políticos, não estes politiqueiros de plantão, parafraseando o hino nacional, de que o filho da pátria não foge a luta. Então lute por sua bandeira de campanha, não abandone seus eleitores por razões de dificuldades práticas, e salve aqueles guerreiros de uma tribo quase extinta que não cansam, não se perdem no caminho e realizam, não que seja, alguma coisa, qualquer coisa. E aos hipócritas, eu pergunto: Quanto vale suas verdades? Um dia, o povo já mais nada oferecerá. Até quando vão as suas mentiras ? Pois o tempo da verdade é implacável e te derrubará. Para que servem suas falsas promessas? Além de lembranças de uma malsinada vida sem escrúpulos.
O poder pelo poder não é glória, é vício, que te digere e não te alimenta, seja produtivo e não introspectivo.
O povo nem quer tentar entender sobre a justificação do não praticado, nem queira explicar sobre os juros da taxa selic como causa do desemprego, ou o cambio flutuante como estopim da crise no campo. A verdade para o povo é prática, é o frango na mesa, o deixar de carpir quintal, o arroz tipo A na barriga, o quilo da carne em baixa, isso sim é realização. Recordes de risco Brasil, índices da Bovespa ou programas com nomes exdrú-luxos, numa propagandeada previsão do acontecimento antecipado do não realizado. Não se iludam, o senso comum é prático, altamente perspicaz quando o assunto é governo, já ta cansado de acreditar sem ver. Aos políticos sobra a regra do ruim, e a exceção, se existe, tem que fazer para valer, ou, a massificação do “pouco feito” com gastos e mais gastos em propaganda.
A glória do pensamento é a figuração em teoria, mas a glória da teoria é a concreção de seu pensamento. Não seria eu ingênuo de afirmar a coerência pura de algo imperfeitamente como o ser humano, mas, para alívio de minha consciência, por enquanto, não sirvo de exemplo a sociedade, e assim vou me contentando. Por enquanto, tento compreender as idéias do mundo, não o mundo que tenta compreender as minhas.
Bruno Boaventura é especialista em Direito do Estado.