A região oeste do Estado do Matogrosso é conhecida pela tenacidade de sua gente, capaz de alavancar uma grande produção de carne e leite e, ao mesmo tempo, enfrentar os desafios de regiões de fronteira. Com o índice de desenvolvimento humano abaixo da média nacional, a região ainda não encontrou seu caminho para o desenvolvimento, ou melhor: ainda não havia encontrado. O desenvolvimento adormece bem debaixo dos pés dos moradores da região.
Recentes pesquisas revelam que está no oeste matogrossense uma das maiores jazidas de ferro do Brasil. Os primeiros estudos dão conta de que são 11,5 bilhões de toneladas de minério de ferro no subsolo de Mirassol do Oeste. A descoberta é como um prêmio da natureza a um povo que teve coragem de desbravar e fazer crescer a região. Mas como todo bom prêmio, este também precisa ser bem aproveitado para ter benefícios duradouros.
Além da descoberta, outra oportunidade surge no horizonte do oeste. A presidenta Dilma Roussef lançou, recentemente, um programa de incentivo ao desenvolvimento das ferrovias em todo país. Toda ferrovia precisa de trilhos e trilhos são fabricados, geralmente, em ferro. Com todo o ferro descoberto no oeste é hora de direcionar o olhar para o futuro e começar a desenhar um projeto de desenvolvimento regional que contemple essa nova vocação. O decreto da presidenta prevê que 80% de todo material utilizado na construção das estradas de ferro seja fabricado no Brasil. Ora, porque haveríamos de exportar o minério bruto para outros estados produzirem trilhos e ficar com os ganhos da industrialização? É hora de começar a planejar a industrialização no próprio oeste matogrossense. É hora de começar a capacitar os moradores da região para aproveitar as oportunidades de emprego que vão surgir. É hora de mostrar a todos do oeste que essa riqueza pode, e deve ser, o impulso que faltava para o crescimento regional.
O debate a respeito do desenvolvimento da região a partir da mineração de ferro no Oeste Matogrossense deve surgir das lideranças regionais, envolver a comunidade e incluir instituições como a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste – SUDECO, onde dirijo a área de programas e gestão de fundos. E o trem do desenvolvimento do oeste já está andando: empresas estrangeiras já buscaram a SUDECO com objetivo de se instalar na região Centro-Oeste. São as oportunidades chegando.
Com olhares diferentes, atentos aos impactos que toda atividade minerária traz, podemos construir alternativas que apontem o melhor caminho para a gente do Oeste, que sempre se mostrou de ferro.
Cleber Ávila, é engenheiro sanitarista, pós-graduado em gestão ambiental e atualmente diretor de implementação de programas e de gestão de fundos da Superintendência do Desenvolvimento do Centro Oeste – SUDECO.