O crescimento populacional, leva a um conflito inevitável entre o uso da terra e o espaço que o homem ocupa. Com isso a produção orgânica ganha força, contrapartindo com as técnicas atuais, do uso de produtos químico e do desmatamento.
Como a pecuária orgânica se preocupa na preservação do meio ambiente, do animal e do bem estar humano, a procura por melhorar a tecnologia de criação de gado orgânico cresce no Brasil. Estas tecnologias acabam vindo de encontro com as técnicas de manejo sustentável, muito comum na região do Pantanal. Esse manejo sustentável em áreas de rica biodiversidade coloca o Pantanal imediatamente na rota de valorização, seja de suas terras como de seu rebanho.
Pois o manejo tradicional da pecuária extensiva tem contribuído para a conservação dessa região, podendo esta, ser melhorada através da implantação e adaptação de algumas tecnologias únicas para a região.
O Embrapa Pantanal tem dados animadores para os que vivem na região da planície alagada. Porém os consumidores deste nicho de produtos desconhecem esse ponto, obrigando os pecuaristas a terem que investir em meios de divulgar a carne pantaneira. Esse detalhe acaba indo de encontro com a diminuição das pastagens nas regiões mais altas, devido ao aumento na produção de soja, milho, algodão, entre outros. Com isso, os produtores acabam levando o rebanho para as pastagens naturais do Pantanal.
Outro grande motivo que anima os investimentos na região do Pantanal, é o crescimento de investimento em torno da região, como a construção de usinas de biodisel, plantações de cana-de-açúcar, milho, girassol, mamona, etc… Esses investimentos na região acabam valorizando as terras pantaneiras, tornando-as mais confiáveis e viáveis, pois o gado é visto como essencial para a conservação do Pantanal e os rebanhos têm de ser levado das pastagens altas, onde certamente será usado para plantio dos produtos que servirão como base do biodisel. Assim ganham todos, os produtores de biodisel, o meio ambiente, o pecuarista, as cidades vizinhas, as fazendas que tem pastagens naturais de sobra, fora a geração de emprego em macro e micro ambiente.
Porém, esse investimento e valorização têm um preço, que é o conflito ambiental que todo crescimento gera. Para isso, a fiscalização nas ações deve ser severas, consecutivas e seguir as normas de acordo com os estudos que definiram o perfil da região do Pantanal. Pois como já se sabe, a degradação feita no planalto é que causa todo o desequilíbrio na bacia pantaneira, levando desde o assoreamento de rios a contaminação por agrotóxico e mercúrio.
Essa visão otimista anima até mesmo aqueles que viam o Pantanal como um alagado sem valor, que servia apenas para construção de pesqueiros, hotéis e pousadas. Agora ficou claro que o Pantanal faz parte não só do ciclo ambiental, mas também do econômico, político e social do Brasil.
Toda a medida para melhora das condições de vida faz-se necessárias para a região. Porém, caso as ações de cuidados para com a região sejam desconsideradas, acarretará um alto risco para o meio e para os que nele vivem. Esse dilema que vive o Pantanal não pode servir para dificultar investimentos, mas sim torna-los acessíveis, sempre mostrando a preocupação com os cuidados ambientais.
O Pantanal tem muito valor, o que sempre lhe faltou foi ajuda financeira, investimento em pesquisas, estradas, melhores matrizes e reprodutores, entre outras ações. Pois boa vontade o pantaneiro tem de sobra, falta é olhar para a região como uma fonte de renda viável e sustentável.
Vladimir Bouret é servidor público em Mato Grosso