Em participação a um evento onde havia exposições de telas, uma delas me chamou atenção, não só pela beleza, mas pelo tema escolhido pela artista para a pintura. Uma mulher jovem,mas aparentando no rosto traços de cansaço e envelhecimento pela rudeza do trabalho, lavando roupasem uma tábua colocada dentro de um galão vazio de óleo, debaixo de uma arvore. Ao lado um cesto, com um bebê de colo e mais e duas crianças maiores brincando sem roupas na lama.
A autora pinta na tela o retrato de uma situação vivida todos os dias por centenas, milhares, de mulheres que fazem parte de um contexto originado pelo Capitalismo excludente, que não oportuniza e escraviza. Este é o cotidiano de muitas brasileiras, que não tiveram oportunidades de estudar de ter um lugar na sociedade a não ser procriar. Todos os dias nos deparamos com esse cenário pintado em outra tela: Na tela da TV, noticiários, nas revistas, nos jornais. Miséria, desemprego, violência, falta de programas de saúde, de políticas públicas, educação sem qualidade. Desde muito jovem já ouvia alguém dizer "o trabalho dignifica o homem". Dignifica? Ou danifica? Onde está dignidade para essas mulheres? Diante destes questionamentos também me pergunto: o que estamos fazemos para mudar esse cenário? Ficamos indiferentes a tudo isso, culpamos o Estado. De repente olhando para a aquela tela pensei que todos os dias, políticos, banqueiros os que detêm o poder, pintam essa tela quando fazem com que o povo fique a cada dia mais pobre mais miserável.
Mulheres iguais a do retrato, com certeza não tiveram acesso à educação ao conhecimento, caso contrário o cenário seria outro. O capitalismo nos faz pensar que é natural ver pessoas se arrastarem nas ruas coletando lixo para manter-se vivo, que pais possam virar bandidos vendendo cigarros, CDs, brinquedos, nas esquinas para garantir o pão de cada dia. Provoca os jovens a sonharem com o primeiro trabalho que lhes permitirá ter uma vida confortável, casa, carro, luxo. Penso que isso nada mais é, que lavagem cerebral. O capital não tem projeto humano. Exclui, não cria oportunidades. Isso nos instiga a refletir: Enquanto sujeitos, podemos buscar um caminho na unimultiplicidade, diferentes, mas unidos por uma finalidade só. Talvez não dê para mudar o começo, mas se a gente quiser, dá para mudar o fim.
Marili Lando de Moura – graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia- Unemat-, pós-graduanda no Curso de Especialização Em Docência no Ensino Superior Unemat Campus Sinop
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