Bem leitores, esse artigo, creio, é propício para esse período, período de eleições. Período em que o rato caça o gato, o bom é o bobo, o crápula é o esperto e o título deste texto serve apenas para o aguçar da imaginação.
No meu tempo que, na verdade, era o tempo de meus pais e eu ouvia aquelas belas histórias por eles contadas, de santo-de-pau-oco e de embates ousados entre clientes e proprietários de secos e molhados onde se dava o fio do bigode como fiador pela mercadoria adquirida a prazo, normalmente alguns fardos de arroz, feijão, café, açúcar, trigo branco, farinha de milho, lata de banha de porco e carne charqueada.
Naquele tempo que era também o tempo do velho Quincas, farmacêutico de ofício e político por vocação em fazer o bem. Sim – acreditem – naquela época muitos se candidatavam a cargos políticos único e exclusivamente para fazer o bem, para cuidar do bem público e dos direitos dos munícipes como se cuida dos bens e dos direitos da família.
Assisti entristecido o passar do velho Quincas e de outros tantos de sua geração, enquanto crescia em meio ao fervor de bandeiras vermelhas, alguns próximos morrendo em aparelhos “subversivos” e outros driblando a ditadura. Eu cresci na ditadura. Física e intelectualmente, eu cresci na ditadura.
Hoje amargo uma tristeza ao ver políticos, pessoas aparentemente de bem, buscando um espaço na política para promoção do mal, ou seja, com o intuito único de se engrandecerem perante os demais, o que chamam de ascensão social, e em contra partida engordam os bolsos e enfileiram desmandos enquanto os interesses da coletividade que vá às favas por não serem recíprocos aos seus.
Mas nem tudo são espinhos nesse mar que também não é de rosas. Pessoas que não só aparente, mas que realmente são de bem estão aí, dando a cara à tapa e a honestidade à prova. Diferentemente dos construtores de obras de areia como aquele da novela das oito, são pessoas que pensam numa nova forma de fazer política. Querem e pensam em mudar a história, essa história que nos parece imutável.
Mas… os compradores de votos que na verdade nunca se foram, estão de volta e dessa vez eu espero que o tiro saia pela culatra como no conto de Machado de Assis: “A igreja do diabo”. Tão qual no conto machadiano que por sua vez fora baseado num manuscrito beneditino, está assim de candidatos que em nome de seus próprios interesses, de suas idéias maquiavélicas e atitudes contrárias aos parâmetros preestabelecidos estão arrebanhando eleitores que ainda aceitam benesses e favorecimentos pessoais.
Não se deixem levar, eleitores, por falsas promessas e por falsos políticos. Lembrem-se o político verdadeiro tem origem. E que vala o conto do mestre Machado de Assis para que no dia 5 de outubro se faça valer a justiça, a ética e a honestidade e essa legião “adepta” da igreja do diabo repita o feito da ficção, agindo com o coração e dizendo sim aos bons princípios. Pelo bem. Pelo bem de nossa cidade. Pelo bem da sua cidade, assim seja.
Carlos Alberto de Lima é jornalista em Alta Floresta