Minha luta já não é por frontispícios. Por grandes nomes e nomeações. Não almejo grandes palcos, não é lá que se encontram os grandes guerreiros. É a própria luta que me pinta, me indetermina e me tira o ponto final.
É pelo meu olhar que eu melhoro o que eu vejo. E das ruínas vou congraçando a paisagem. Meu canto me inclui nele e inaugura o chão que piso.
As medalhas e honrarias me ampliam para querer menos e seguir caminho mais sinuoso, daqueles que movimentam e não são vistos – por aqueles que só veem pelos olhos.
Algo me desassossegou, fez-me enxergar coisa que sabemos, mas não gostamos de acreditar. Que o “respeito” e as “honras” são também para quem tem moedas de ouro para comprar. O dinheiro e a influência ditam, dão medalhas, cargos, lugares. Fazem não acontecer o que poderia acontecer.
Entretanto sou gente que suporta a verdade, então um desassossego pode ser ao mesmo tempo uma serenidade. Uma derrota, uma vitória.
Para o enfrentamento do “grande mal” que está por aí, não são necessários grandes cargos, desejadas nomeações, solenes lugares, nem mesmo esse “respeito” e essas “honras” que são compradas pelo poder, o que acontece mesmo é pelos pequenos gestos, palavras e lutas – tornam-se oceânicos sem ser um oceano.
De uma diminuta imagem pode nascer um universo. Mesmo que algo ou alguém pareça de menor importância, muitas vezes é esse elemento menor que possui o controle e a capacidade de influenciar significativamente o curso e o destino de algo muito maior e mais poderoso.
Algumas pessoas, embora pequenas em nome e presença, guiam o destino do imenso. Com mãos delicadas, mas firmes. O pequeno conduz o grande, como um fio que controla o vento, uma estrela que ilumina o céu. E são essas coisas e pessoas que me inspiram a viver. Nada permanece oculto, tudo se revela.