Lendo o relatório dos senadores Renato Casagrande e Marisa Serrano, para o Conselho de Ética do Senado, que recomendou a cassação do presidente da casa, um documento de 68 páginas, tão contundente, que o simples fato de um senador ainda tentar defender o Sr. Renan, com toda a certeza, constitui motivo para que se analise o decoro desta sua atitude.
E não cabe argumentação, de direito ao contraditório, pois nunca em um processo, o réu teve tanto poder para intervir em seu próprio benefício, como o Sr. Renan, do alto de sua cadeira de Presidente do Senado Federal.
Foram apresentadas oito razões irrefutáveis que recomendam a sua cassação. No entanto uma nona razão deve ser considerada.
Segundo laudo apresentado por peritos da Polícia Federal, o Sr. Renan, em uma área de 117 ha, no estado de Alagoas, portanto no nordeste brasileiro, região segundo se veicula, castigada pela seca, o que justifica a aplicação de maciços recursos retirados do contribuinte, para auxilio aos irmãos flagelados, consegue o feito inédito, de manter um rebanho bovino constituído por 740 fêmeas, das quais 600 são adultas, conseguindo em um único ano, uma produção de 751 bezerros, e ainda vender para abate 784 animais terminados. Porem o mais importante, é que tudo isso foi conseguido sem despesas.
Ora, no mesmo período em que os mortais pecuaristas brasileiros atravessaram período de vacas magras, amargando sucessivos anos de prejuízo, o que levou ao abate de matrizes, e por esse motivo o consumidor, mesmo com as garantias dadas pelo Sr. Lula, vai ter que amargar um período de vacas caras, o Sr. Renan consegue lucros fantásticos.
Portanto, o nono motivo que enfatiza a necessidade de que o Sr. Renan seja liberado de suas atividades parlamentares, é exclusivamente científica. Pois a sua verdadeira vocação, e a posição em que o Brasil poderá melhor aproveitar as suas aptidões, será levando-o a ser consultor do Ministério da Agricultura, colaborando com órgãos como a Embrapa, para o desenvolvimento da pecuária brasileira. E aqui o nosso apelo ao Presidente da República, para que não mais faça empenho, no sentido de manter o seu aliado na atual função, pois ele será muito mais útil ajudando a produzir alimentos para o povo.
Para que se entenda esta fantástica história da carochinha, se faz necessário frisar que, por razões óbvias, a nobre atividade de produzir alimentos, delegada ao setor produtivo rural, possui tributação muito menor que a imposta aos demais setores, e que é impossível a fiscalização de nascimentos, mortes, e outros fatores que determinam a evolução de um rebanho. Por este motivo a pecuária é uma atividade que facilita aos pseudo-produtores, a gerarem recursos contábeis, para esquentar receitas escusas, inclusive as oriundas do narcotráfico, entre outros.
Sr. Renan, o senhor extrapolou.
Não lhe informaram que a velhinha de Taubaté já morreu? Ou foi a sensação de impunidade, que a sua função e a sua confiança em um possível corporativismo de seus pares, lhe induziu ao conforto, para tripudiar com a inteligência de nos, pobres mortais?
Senhores, conclamo a todos os cidadãos de bem, a dedicarem parte de seu tempo e de seu esforço, para mostrarmos a nossa indignação, pois de nada resultará o nosso trabalho, cada vez mais dificultado, no sentido de produzirmos, se for para sustentarmos um estado cada vez mais perdulário e corrupto.
Luiz A K Adames é engenheiro civil e empresário em Sinop.