Sou servidor público de carreira do estado de Mato Grosso, estou já há alguns anos vivenciando a rotina dos órgãos e entidades da Administração indireta e indireta, e no recente ano de 2018 participei do processo eleitoral disputando o cargo de governador do estado. Pude ver claramente como pessoas do tipo de Pedro Taques, de triste memória, e Mauro Mendes, que enrolou a população o suficiente para ser eleito, fazem mal à classe trabalhadora.
O governador Mauro Mendes não consegue conceder uma entrevista sequer, sem que desfira ataques aos trabalhadores.
O pior é que ele engana deliberadamente a opinião pública mais uma vez, mascara os grandes dilemas do estado – a sonegação de impostos e os incentivos fiscais – e ataca justamente a parte mais fraca: os trabalhadores. Mal sabe ele que o seu antecessor, que se apequenou diante da crise política pós-2014 e aderiu ao Michel Temer sem nenhuma garantia ao nosso Estado, cometeu o mesmo erro, de lançar nas costas dos trabalhadores uma crise provocada pela ganância dos bancos, má gestão pública atribuída a políticos ladrões e uma cíclica crise do capitalismo.
Mauro Mendes caminha para ser pior que Pedro Taques!
Nesta primeira semana de governo, Mauro Mendes tem repetido que existem altos salários sendo pagos aos servidores públicos, e que que num universo de 100 mil trabalhadores, uma parcela de pouco mais de 1.000 profissionais, insignificante do ponto de vista estatístico, receberia acima do teto constitucional, que é o salário pago a ministros do Supremo Tribunal Federal.
É possível acreditar que Mauro Mendes culpe os 1.000 “marajás”, para usar um termo consagrado, pela impossibilidade de manter em dia o salário dos 100 mil servidores públicos. Mas se trata de mais uma mentira para enganar a plateia.
Os servidores que ele diz receberem mais de 30 mil reais por mês são profissionais que estão há anos, décadas, em seus postos de trabalho, nas mais diversas áreas, estão na verdade recebendo os valores relativos à progressão de carreira e elevação de nível.
Como a burocracia é lenta, ao receber os atrasados em parcela única se dá a falsa impressão de uma disparidade salarial. Mas bastaria ao senhor Mauro Mendes dar uma olhada no salário do mês anterior para saber que não há nada pago em exagero ao servidor. E não é usando esse 1% de servidor como “saco de pancada”, ofendendo pais e mães de famílias de gente trabalhadora, que Mauro Mendes vai revolucionar o estado.
Entre esses servidores “denunciados” por Mauro Mendes está um corajoso policial militar, que aguarda há mais de uma década receber verbas salariais, inclusive relativas à promoção e patente, e que lhe será paga com um injusto atraso.
Para de mentir, Mauro Mendes.
Moisés Franz, servidor público, perfil analista, e ex candidato a Governador de Mato Grosso pelo PSOL.