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O cidadão, a política e o desenvolvimento

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Um artigo de Luiz Werneck Vianna publicado no Valor Econômico me fez relembrar um "papo-cabeça" com um amigo que esteve em Paris, a passeio, enquanto eu estudava na Sorbonne. E num "pub" discutíamos o desenvolvimento brasileiro. Já na década de setenta percebíamos a falta de continuidade das políticas públicas no Brasil e concluímos de forma muito pessimista que o Brasil cresce por espasmos. Ou como diz o Luiz Vianna, por "pequenos solavancos".

E de fato, esta parece ser uma marca registrada desde o Brasil – Colônia. Por exemplo, hoje, estamos prestes a crescer com uma célere velocidade em face de copa de 2014. Depois desta data, só Deus sabe. Foi sempre assim, na história do desenvolvimento brasileiro. Ou seja, novo solavanco e provavelmente estaremos muito preocupados em pagar as dívidas criadas pelos financiamentos e compromissos assumidos em 2010 e em 2011. É claro que não estaremos nem acomodados após o importante evento, muito menos tranqüilos, pois a falta de recursos para pagar as dívidas vincendas e quiçá já vencidas, nos fará agitados e estressados. Mas, com certeza não estaremos crescendo tanto, nem nos esforçando tanto para realizar novos projetos, ou prontos para estimular novas políticas públicas. Como resultado, reduziremos o ritmo das transformações até em novos projetos de ob ras.

O Plano Real foi um grande avanço para o país, pois concedeu estabilidade monetária para a promoção de novas políticas de investimentos, mas, espasmodicamente, não avançamos para uma melhor distribuição de renda incentivando investimentos privados e melhorando, de fato, a qualidade de vida do brasileiro. Não superamos crises internas na saúde, na educação ou na segurança, por exemplo. Aliás, esta regrediu muito, basta rever os noticiários diante dos últimos eventos no Rio de Janeiro. Que lástima!

E, nenhum político comenta o fato ou avalia sua extensão e efeitos em outras regiões brasileiras. É como se nada tivesse ocorrido. Ou, a própria imprensa contribui para amenizar a repercussão e que não atinge a agenda dos candidatos nem as autoridades constituídas. Nada a declarar, nem a discutir, como que minimizando o ocorrido, como se no Brasil não fosse.

Avançamos em alguns setores da economia, não em todos, o que denota um crescimento conjuntural e não estrutural como queria Celso Furtado. Houve o crescimento da indústria e do comércio, por exemplo, mas, a amplitude deste crescimento não beneficiou a sociedade como um todo. Uma parte dela, como afirmou recentemente o Presidente da República, entrou no mercado, mas as outras, a classe média, por exemplo, não conseguiu avançar. Ao contrário, regrediu, ou no mínimo estagnou. E luta arduamente pela sobrevivência.

A política do espasmo não produziu o efeito por inteiro e a parte da sociedade que não avança, acaba por retardar o crescimento do todo. E, o espasmo a puxa, esta sociedade, para trás, retarda o crescimento e compromete o desenvolvimento brasileiro.

Este comportamento sócio-politico brasileiro sempre eivado de contradições e espasmos está confundindo o eleitor brasileiro. E instala muitas dúvidas, sobretudo misturada com fatores aéticos que fazem manifestar a imoralidade política, tornando-a uma verdade que não se enxerga ou que simplesmente, nos faz ignorá-la, como, por exemplo, se o corrupto, o sujo, o imoral fosse sempre um processo natural da convivência política brasileira. E a sina é conviver com esta realidade, como se imutável. E os candidatos não conseguem dar coerência às suas propostas e planos de governo, na esfera federal. E tome espasmos, na política também.

Assim, política e desenvolvimento não conseguem superar seus obstáculos para instalar desenvolvimento contínuo, sem solução de continuidade, sem espasmos, sem solavancos de superação de riscos. Por estas e outras é que os anos passam e continuamos convivendo com situação de insegurança, violência, deseducação, atrasos culturais, retornos a endemias e epidemias e não superamos as dificuldades que há anos nos perseguem.

E, quem faz o mínimo, tonitroa como se o máximo fizesse, de forma excepcional. Até porque não consegue superar o seu record mínimo. Que sina espasmódica permanente é esta? Será que algum dia se conseguirá crescer de forma continua, sem espasmos e sem solavancos? Resta uma esperança de superar a regra do ensaio-erro.

Ilson Sanches é advogado presidente da Comissão de Defesa da Concorrência da OAB/MT

 

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