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O Brasil está mudando para melhor

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Impressionante como alguns membros da CPMI dos correios elogiaram e endeusaram o depoimento do senhor Duda Mendonça e sua sócia naquela comissão. Verdadeiro, corajoso, autêntico foram adjetivos usados e teria o publicitário, na visão de alguns parlamentares, prestado um grande serviço à nação ao declarar a forma que recebera dinheiro da campanha do PT.

Entendo que Duda, a exemplo de Roberto Jefferson, escondeu muita coisa, cometeu irregularidades conscientemente ao receber ou remeter para exterior dinheiro, não declarado, e só prestou informações quando não tinha mais saída, pois os fatos seriam descobertos.Ambos têm culpa, proporcionalmente, tanto quanto outras personalidades no que se convencionou chamar de escândalo do ‘mensalão’ ou valerioduto.

Num momento particularmente triste para a história brasileira em que o mar de lama parece não ter fim é de se perguntar se resta alguma esperança.  Segundo organismos internacionais somos campeões mundiais em corrupção, fazendo companhia a alguns paises africanos de economia insignificante e parece que quanto mais de denuncia, investiga-se e prende-se gente com ela envolvida, sempre mais ela acontece.

Mas por que essas pessoas abrem mão tão descaradamente de sua dignidade para apropriar-se do dinheiro alheio? Que tipo de ambição desenfreada e estúpida está por trás da ausência de caráter capaz de esquecer todos os escrúpulos para com sua consciência e avançar tão afoitamente no dinheiro público?

A doutrina espírita nos esclarece que a felicidade resume-se, para a vida material, na posse do necessário e, para a vida moral, na consciência tranqüila e na fé no futuro. Está claro que os corruptos não são felizes e não possuem fé no futuro, preocupados que estão unicamente com o hoje. Seguem totalmente iludidos pelo desejo irrefreável do TER, esquecidos de valorizar o SER, ignorando sua própria natureza de essência divina em trajetória imortal, provisoriamente instalada num corpo de carne e num mundo do qual nada levarão exceto as experiências e o resultado moral de seus atos. Buscam muito mais do que necessitam e não estão nem aí para a consciência amordaçada pelo egoísmo, orgulho, inveja e ambição.

Felizmente existem bons exemplos de pessoas preocupadas com o próximo, senão vejamos: O médico brasileiro Antonio Massigla, em março de 2003, doou 85 mil dólares à Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto. Já o ex-aluno da UFMG, o banqueiro Aloysio de Faria destinou 4,3 milhões de dólares ao Hospital de Clínicas de Belo Horizonte e Luiz de Queiroz, ex-aluno de agronomia da USP-Piracicaba, deixou em testamento uma fazenda avaliada em 16 milhões de dólares. Nomes que precisam ser reverenciados em contraposição a todos os sacadores de Marcos Valério e tantos outros que poluem as páginas dos jornais e a mente dos cidadãos honestos.

Estes são alguns dos grandes e generosos afortunados, mas há outros milhões de brasileiros anônimos, solidários, que oferecem o auxilio pelo trabalho voluntário ou diretamente em valores, ás vezes, muito singelos tal como o precioso óbolo da viúva citado por Jesus.

Assim podemos concluir que o mundo e o Brasil estão mudando para melhor, apesar de tudo. As crises são sintomas de mudanças e as conquistas sociais têm um preço. Não deixemos que eles estraguem nossas vidas, sabotem nossas esperanças neste futuro promissor para nossos filhos, netos e, certamente, para quase todos nós quando do retorno pelas portas da reencarnação.

Os corruptos merecem, por paradoxal que possa parecer, a nossa compaixão. Eles não sabem o que fazem, diria Jesus. Se soubessem que mesmo contando, muitas vezes, com a impunidade da justiça terrena, não terão igual sorte em relação à divina, que não admite renuncia de mandatos para escapar de cassações, agiriam de outra forma. Mais cedo ou mais tarde, na atual ou na próxima encarnação e especialmente no interregno entre elas, arcarão com as duras conseqüências de seus delitos.

Repetindo: Em que pese os Valérios, Delubios, Costas Netos, Dudas, Jéferson e tantos outros, o Brasil está mudando para melhor e esta não é uma frase de nenhum publicitário pago a ‘peso de ouro’, no exterior.

Valcir José Martins é administrador em Maringá (PR)

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