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Nós na guerra estratégica – 1

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Em junho do ano passado fui a Lucas do Rio Verde, em companhia do professor João Edisom de Souza, assistir ao lançamento da ferrovia bioceânica, proposta pela empresa chinesa "China Railway Group Ltd". Mais do que uma simples ferrovia um mundo novo se abre. Neste artigo e no próximo tentarei abrir alguns cenários a respeito, porque eles influenciarão profundamente nos destinos futuros de Mato Grosso e do próprio Brasil.

Alguns dados da ferrovia: o contrato com o governo brasileiro já foi assinada em 2015. Neste momento está em fase de projetos. A execução vai demorar seis anos. Tem 3.524 km de extensão entre o litoral do Rio de Janeiro e o litoral do Oceano Pacífico no Peru. No Brasil, 2.228 km e no Peru 1.193 km. Os dois extremos ainda estão sendo localizados. Será capaz de transportar 35 milhões de toneladas de carga no começo a 80 km/hora, e 57 milhões futuramente. Levará passageiros também, a uma velocidade de 120 km/hora nos dois sentidos. Isso mexe com o turismo regional. Será prático sair de Lucas do Rio Verde onde haverá um terminal e ir pro Oceano Pacífico ou pro Atlântico e de lá se deslocar pra outros destinos. Hoje pra ir ao Peru é preciso ir a São Paulo e enfrentar longa viagem de muitas conexões aéreas.

A ferrovia sai do litoral norte do Rio Janeiro, atravessa o norte de Minas, norte do Tocantins, entra em Mato Grosso por Água Boa, passa em Lucas, Sapezal, sobe pra Vilhena-Porto Velho, Acre, entra no Peru, atravessa a Cordilheira dos Andes num túnel de 19 km e chega ao litoral Pacífico no Peru. Daí, as cargas vão por via marítima em linha reta pra o porto de Shangai, na China. Isso elimina o sistema atual onde as cargas pra China e Ásia saem de portos brasileiros no Oceano Atlântico, sobem rumo norte, atravessam o complicado Canal do Panamá e caem no Pacífico. Nove mil km a menos. Mudará a lógica do transporte rodoviário atual.

O que existe por detrás de uma ferrovia desse porte? É uma imensa engenharia geopolítica, econômica e um novo posicionamento no poder político mundial. Sonho? Então vamos aos primeiros fatos, mas continuará amanhã. A China tem 1 bilhão e 400 milhões de pessoas que precisam comer. O país está se urbanizando, a renda per capita aumentando e pessoas comendo mais. Agora veio em 2016 a política de se permitir o segundo filho. Mais bocas pra comer. A produção chinesa de alimentos não atende à demanda. Carnes, por exemplo, precisam de ração. Ela vem dos grãos importados.

O que pensam os chineses a respeito no médio prazo? É o tema de amanhã.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

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