Se fosse possível olhar de cima e ver as movimentações das energias psíquicas sobre o Brasil, veríamos um turbilhão em imensa revolução. Se olhássemos para Mato Grosso, não seria diferente. Há um mar revolto de energias evoluindo por sobre as nossas cabeças. O que as motiva? Perguntaria o leitor. Muitas causas. Uma delas, a percepção de que urgem mudanças amplas e abrangentes nos sistemas públicos e privados. Outra, uma busca do inconsciente coletivo por moralidade. O que é moralidade? Perguntaria de novo o leitor. É a condução dos recursos públicos aplicados com rigor e decência nas reais necessidades de quem trabalha e paga os impostos.
Não é o que tem acontecido historicamente no Brasil. O caminho desse gerenciamento tem sido a política. Desde 1500 ela vem se deteriorando na essência e construindo um caminho paralelo sujo e desprezível. Construíram-se elites brasileiras com visão míope sobre a economia. Depois construímos elites esquerdistas com vocação pior, ainda que disfarçada em discursos melosos.
Em Mato Grosso essa turbulência de energias está muito clara. Temos presas na cadeia algumas autoridades de muito poder recente. No ar ameaças sobre outras. Nenhum momento a sociedade foi solidária com quem prevaricou. Ao contrário, o desejo é quase sanguinário de vingança. Se amanhã forem presas novas personalidades da política, exceção de suas famílias, nem os amigos estarão solidários. É o efeito dessa onda de moralidade que está sendo pulverizada no inconsciente coletivo.
O resultado disso tudo virá ao longo do tempo. Os jovens estão assistindo a essa derrocada da velha moralidade e não a compreendem direito. Ouvi recentemente de um aluno em sala de aula: "como é alguém usa mal o dinheiro dos impostos que nós pagamos pra ter saúde?". No correr da conversa, ele continuou dizendo que na sua cabeça não cabe alguém usar o bem público pra benefício pessoal ou de grupos políticos, partidos políticos, etc.
Concluo que realmente uma poderosa onda de energias moralizadoras vindas de um horizonte espiritual de transformações cai sobre o Brasil. Mato Grosso, particularmente. Neste momento e no futuro próximo é absolutamente necessário que os agentes públicos e mais a mídia respeitem essa onda, sob pena de serem levados para a mesma lata de lixo para onde está indo a política tradicional.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso