Como cidadão, assisto perplexo às cenas de violência que tomaram conta de Mato Grosso nos últimos dias. Como deputado sinto-me impotente diante da dor das famílias do jornalista Auro Ida; do prefeito de Novo Santo Antônio, Valdenir Antônio da Silva, e mais recentemente, do meu amigo e companheiro político, o prefeito de Nova Canaã do Norte, Antonio Luiz Cesar de Castro, o Luizão. Todos eles foram vítimas de execução sumária.
Volto a repetir minha impotência diante desses fatos, vez que, como parlamentar posso cobrar, propor leis, indicar e me opor ao sistema e a inércia governamental na mídia e aos meus pares, mas não posso executar e agir de forma direta. Não posso aumentar o número de efetivo policial em Mato Grosso ou proporcionar um salário digno a essa categoria. Resta-me cobrar e indignar-me, como qualquer cidadão de bem nesse Estado. A ingerência desde governo está fazendo com que voltemos a viver um faroeste em pleno cerrado, no século XXI.
Em Mato Grosso cheguei ainda criança, na década de 1970, quando meu pai, um agricultor humilde e sem muitas expectativas para criar seus quatro filhos, disse que iríamos mudar em busca de uma vida melhor. Fomos alvo de muita crítica. Tios, amigos e vizinhos nos perguntavam o que o meu pai tinha na cabeça para mudar com a esposa e os filhos pequenos, para uma "terra de ninguém".
Naquela época, a atividade garimpeira dominava a economia de Mato Grosso e a única notoriedade nacional que o Estado tinha era com os assassinatos a sangue frio. Ao nos mudarmos para cá, finalmente pude compreender, e o melhor, explicar e provar a todos os nossos críticos, que Mato Grosso não era terra de ninguém, muito pelo contrário, era, e é, terra de todos. Aqui, paranaenses, gaúchos, mineiros, paulistanos, nordestinos, gente de todas as regiões do país, são bem acolhidos.
E com muito trabalho, essas pessoas conseguem vencer na vida, tornando-se homens e mulheres bem sucedidos e felizes. Não podemos deixar que a terra de todos volte a ser pensada no Brasil como um local ermo, sem leis, palco de execuções, isso acabou há mais de 30 anos!
Como mato-grossenses de nascimento, ou de coração, falo por todos os que aqui vivem que prefiro o título de recordista na produção agrícola. E voltando a execução do meu amigo Luizão, quero dizer a minha amiga Terezinha e a seus dois filhos, que estarei acompanhando as investigações e cobrando, para que a verdade venha à tona, independente da participação de facções criminosas nacionais, ou não, nesse assassinato. Luizão, sua alegria estava presente em seus últimos momentos, até mesmo no sepulcro. Vai com Deus meu amigo!
Dilmar Dal"Bosco – deputado estadual