Ao longo da história do Brasil, foi a agricultura quem suportou a economia nacional e permitiu o desenvolvimento e a consolidação de outros setores econômicos, como o industrial e de serviços. Como exemplos históricos do potencial agrícola brasileiro temos as culturas canavieira, cacaueira, cafeeira, entre tantas outras. Não é exagero dizer, portanto, que estudar a história brasileira é conhecer a evolução da produção rural.
Com efeito, o passar dos anos apenas consolidou a vocação agropecuária nacional. Vocação que, mais recentemente e sobretudo no Centro-oeste do País, concretizou-se no desenvolvimento de uma verdadeira agroindústria, pujante e altamente eficiente, capaz de aliar ganhos de escala e incremento na qualidade dos alimentos. Não surpreendentemente, a agropecuária responde por cerca de 25% do PIB do Brasil. Ademais, mesmo em face do tenebroso cenário de crise que experimentamos, a produção agrícola cresceu 4,7% no primeiro trimestre do ano passado.
Vale enfatizar que muito desse resultado positivo deveu-se à produção de soja. O que, naturalmente, põe em destaque o Estado de Mato Grosso, o maior produtor mundial de grãos e do qual me orgulho em ser representante no Congresso Nacional. Nessa posição, tenho buscado atuar em prol do fortalecimento do setor produtivo do estado, focando-me, notadamente, em ações e medidas que facilitem as exportações, tão importantes para a geração de riqueza e divisas para o País. Além de outros aspectos essenciais como a oferta de infraestrutura adequada, penso que compete ao Poder Público ampliar os horizontes negociais do País, estreitando as relações e propiciando um ambiente comercial favorável para o máximo de parceiros internacionais.
E é esse ponto que ora enfoco. É que, após as sanções das potências internacionais contra o Irã terem sido suspensas, existe a real possibilidade de expansão das interações comerciais daquele país com o setor produtivo de Mato Grosso.
Não resta dúvida de que a queda dos embargos internacionais ao Irã vai beneficiar as exportações de commodities brasileiras para o país asiático. De acordo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a expectativa é que o país dobre a venda aos iranianos de produtos como carne bovina, soja, milho e açúcar. Mato Grosso terá papel preponderante nessa escalada.
Sobre as relações entre Brasil e Irã, lembremos que, até 2012, o comércio bilateral registrava um crescimento progressivo, quando chegou a ultrapassar 2 bilhões de dólares por ano. Desde então, contudo, foi reduzido em quase 50% por conta dos embargos. As sanções afetavam as exportações brasileiras, sobretudo em função dos embaraços às transações bancárias entre os dois países.
Agora, acredito firmemente que esse quadro deverá mudar e o Estado de Mato Grosso dará fortes contribuições ao Brasil para alavancar os índices de exportação para o Irã. Contribuições que advirão, também decisivamente, da produção de carne bovina, com grande destaque na oferta atual e futura, tanto no mercado interno como no externo.
Para se ter uma ideia, Mato Grosso está no topo como maior produtor brasileiro de carne bovina e segundo maior exportador. Novas tecnologias e estratégias de produção, dentre elas o confinamento e a suplementação em pasto, têm estimulado ainda mais o crescimento da produção. Além disso, a demanda por carne bovina continuará aquecida, mantendo uma previsão muito boa para os próximos anos, tanto em faturamento, quanto em volume. É nesse ambiente que desponta a oportunidade de intensificação das relações comerciais entre Brasil e Irã.
É preciso lembrar também que o comércio bilateral entre nós e eles terá significativos impactos sociais para Mato Grosso. Nesse sentido, o meu objetivo pessoal com a efervescência desse possível acordo entre Brasil e Irã: a formulação de política econômica com a finalidade de que haja o fortalecimento do renda e emprego de Mato Grosso, visando melhorar, entre outras coisas, a vida do sofrido trabalhador mato-grossense.
Os elementos estão postos. Tudo se encaminha para um grande acerto. Tenho certeza de que Mato Grosso dará mais uma valiosa contribuição à balança comercial brasileira. É hora de tomarmos a dianteira nesse processo de reaproximação com o vasto mercado iraniano. Só depende de nós!
José Medeiros é professor, Policial Rodoviário Federal e Senador da República pelo Estado de Mato Grosso