Quando o Lehman Brothers, considerado como um gigante de Wall Street, decretou concordata, há um ano, seu colapso parecia abalar as estruturas do mundo. A crise financeira desencadeada trouxe turbulência ao mercado e assustou a todos nós. Autoridades do país procuraram formas para não afetarem suas bases econômicas. O sinal vermelho foi aceso e a cautela passou a ser prática comum entre todos. Afinal, o banco de investimentos era o quarto maior da potência americana, tinha ativos avaliados em US$ 600 bilhões. Logo vieram as comparações, e economistas destacaram que desde o "crash" da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929 não se sentia tão grande impacto nas estruturas da economia mundial.
Como vivemos num mundo globalizado, obviamente temíamos reflexos negativos da crise iniciada nos EUA, afetar o Brasil. Logo, em nível nacional, o cenário que se desenhava era crítico, pois falava-se de aperto de liquidez, compressão de crédito e desaceleração da economia mundial. Por outro lado, entretanto, sempre mantive o otimismo. O quadro de incertezas se legitimava e nos obrigou a mover com agilidade no sentido de trabalhar ainda mais para o desenvolvimento.
Vale lembrar que na época da crise Mato Grosso tinha acumulado até setembro, um superávit na balança comercial na ordem de US$ 5,1 bilhões, valor 59% maior do que o registrado no mesmo período de 2007. E nos primeiros nove meses de 2008, o valor acumulado neste segmento foi de US$ 6,13 bilhões. No último levantamento da Secretaria de Indústria Comércio, Minas e Energia, as exportações mato-grossenses, de janeiro a agosto de 2009, registraram um aumento de 16,35%, em relação ao mesmo período do ano anterior. Os números somaram US$ 6,306 bilhões.
Em janeiro de 2009, após três meses de a crise ter afetado o mundo, eu achava que era cedo para que atingisse a balança comercial de Mato Grosso, além do que, nosso principal produto de exportação, o alimento, estava com excelente performance registrando aquecimento. Cheguei a deixar registrado na imprensa que iríamos crescer e nos tornar cada vez mais competitivos. Na época ocupávamos 10º lugar no ranking nacional, mas com a vinda de novas plantas industriais para o Estado a tendência era avançar e ultrapassar outras unidades da federação, o que se consolidou.
Apesar da crise, Mato Grosso mantêm a 6ª posição no ranking nacional das vendas externas, respondendo por 6,44% do total das exportações acumuladas do Brasil, até agosto, e por 62% da região Centro-Oeste. O valor acumulado até agosto já representa 80,7% do exportado em todo o ano de 2008. Até dezembro deste ano, o Estado deverá ultrapassar a cifra de US$ 8,00 bilhões, considerando o desempenho médio mensal das vendas externas e mantidas as condições atuais de recuperação da economia após a crise internacional.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que participou da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no último dia 15 de setembro, coincidentemente no dia do aniversário da crise, disse que "o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a sair da crise porque seu crescimento era sólido e estava combinado com sólidos fundamentos macroeconômicos". Não há dúvidas de que Mato Grosso contribuiu para elevar os índices positivos que fortaleceram o Brasil neste período. Recentemente o governador Blairo Maggi destacou na mídia que o Estado não estagnou em sua política de desenvolvimento e teve boa performance superando obstáculos e não saindo do caminho de expansão.
Dentre as ações do governo mato-grossense que somaram altos índices de crescimento ao Estado no período da crise, muitas foram desencadeadas via Sicme. Vale citar um exemplo: através do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic), responsável por conceder os incentivos fiscais, o Estado captou R$ 3,2 bilhões no primeiro semestre deste ano. O órgão, portanto, trabalhou através de programas de fomento, visando alta performance econômica. Isso fortaleceu o mercado interno, e deu visibilidade para o Estado no mercado nacional e internacional.
Pedro Nadaf é secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia e presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-MT. E-mail: [email protected]