Publicados os Indicadores Sociais com os dados de 2009, vimos crescer os domicílios em urgência social, aqueles que possuem rendimento médio mensal per capita de até meio salário mínimo, de 15,8% em 2008 para 17,2% nesse ano. Isto representa quase 11 mil domicílios, o equivalente a população de Poconé, só para percebermos a dimensão do efeito.
É bom recordar que nesse período ocorreu o ápice da "crise do subprime", que provocou a maior quebradeira da economia contemporânea, causando a maior redução de crédito financeiro já vista nas transações internacionais. Assim, Mato Grosso ficou refém de exportações para o exterior, sendo por isso, duramente castigado pelos seus efeitos.
No interstício entre as coletas de dados do Plano Nacional de Assistência Domiciliar (PNDA), setembro a setembro, a exceção das atividades econômicas comércio e serviços, todas amargaram saldos negativos do emprego. Notoriamente a indústria de transformação ficou com menos 4 mil postos de trabalho, onde frigoríficos à frente, para uma movimentação de 60 mil trabalhadores na atividade e de 323 mil na economia como um todo.
Não fossem as bases preparadas pelo poder público, a Secretaria de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social (Setecs) na dianteira do processo, o efeito desse ‘tsunami econômico" seria avassalador no fomento da pobreza em Mato Grosso, que vinha gradativamente e de forma sistemática, reduzindo o patamar de pobres em seu território a razão de 4% ao ano, enquanto a população crescia a quase 2%, e o efeito de empobrecimento somente alcançou 1,4% dos domicílios.
Como a seqüela se dá no período de um ano, as políticas sócio-assistenciais que não as emergenciais não podem ser efetivas, elas são programáticas somente para os efeitos recrudescedores da pobreza, e o efeito do desemprego se parece o mais real na produção desse indicador.
Dentre as medidas corretivas de enfrentamento, a qualificação e requalificação de trabalhadores visando o reemprego em outras atividades, foram as mais veementes. De um saldo de 70 mil qualificados em sete anos, desde o desmantelamento da indústria madeireira no Norte do estado, a Setecs tem investido maciçamente na perspectiva de uma interação da mão de obra industrial com os serviços e o comercio. Se não fosse esta estratégia, nos 200 mil empregos gerados pela economia nos últimos anos, os trabalhadores locais não teriam alcançado qualquer sucesso de empregabilidade.
Nesta atualidade, cerca de 30 mil trabalhadores se movimentam mensalmente no mercado, um pouco mais a partir deste mês de setembro em função dos preparos paras as safras 2010/2011, que aumentam sobremaneira a demanda por trabalhadores na agropecuária, reduzindo diretamente os quantitativos de pobres ressaltados pela ótica da renda.
Temos como certo que a oscilação de bem estar percebida pelo indicador do IBGE já está superada, e que os patamares de pobreza estrutural estejam sim em declínio, pois o Governo do Estado, através da Setecs, possui uma política estruturada de enfrentamento da pobreza e dos seus malefícios e trabalha com a certeza de que agir com habilidade e responsabilidade ainda é o maior patrono de qualquer bom resultado.
Luciano Jóia é economista e Assessor Especial da Secretaria de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social