Durante meses foram veiculadas peças de propaganda institucional da Justiça Eleitoral como forma de motivar os eleitores a comparecerem às urnas para votarem. Apesar do voto ser obrigatório no Brasil, uma verdadeira excrecência ao princípio democrático, a cada eleição o percentual de absenteísmo, somados aos votos nulos ou em branco superam mais de um terço do total dos eleitores inscritos, a previsão que este total possa se aproximar a 35 milhões de pessoas.
O desinteresse dos eleitores em participarem desta “festa democrática” tem várias razões, podendo ser destacadas pelo menos as seguintes:1) o baixo apreço que a população tem pelos políticos e os partidos, os quais não representam e nem defendem de fato os interesses, os anseios e as necessidades do povo, tanto é verdade que em todas as avaliações de opinião pública,os partidos e a chamada “classe política” recebem notas pouco acima de zero, sempre as mais baixas em relação `as demais profissões e instituições nacionais; 2) nossos políticos e seus partidos estão com muita frequência associados `a corrupção, a privilégios exclusivos, `a demagogia, as falsas promessas e as mentiras; prometem tudo na propaganda e realizam pouco ou quase nada durante o exercício de seus mandatos; 3) quando candidatos tentam estar próximos do povo, depois de eleitos desaparecem e usam seus mandatos para defender seus próprios interesses ou dos grupos econômicos que financiaram suas campanhas, o povo fica mais do que desconfiando das razões pelas quais empreiteiras, grandes grupos economicos, empresários, usineiros, banqueiros “doam” milhões aos candidatos e o que iriam receber em troca?; 4) uso de caixa dois ou dinheiro sujo, muitas vezes ou quase sempre oriundo de atividades ilícitas, fruto da criminalidade ou da corrupção, como no caso dos escândalos do MENSALÃO e das Negociatas da PETROBRÁS, durnte os governos Lula e Dilma; 5) falta de planos e programas de governo, como atualmente está acontecendo com vários candidatos a governador e até com a candidata do PT, Dilma, que em desrespeito aos eleitores não apresentou seu plano de governo; se bem que a maioria desses planos os eleitores sabem que acabam se transformando em promessas jamais cumpridas.
Para completar este quadro de manipulação política e eleitoral ainda temos que conviver com um Sistema eleitoral que beneficia os donos do poder,facilitando a perpetuação dos mesmos atores, partidos e grupos de interesses. Isto pode ser visto na distribuição do fundo partidário e na divisão do tempo de propaganda eleitoral obrigatória, onde,por exemplo a candidata Dilma tem mais de onze minutos e os demais candidatos pouco mais de um minuto, além do fato de que tanto a Presidente quanto os governadores quando são candidatos a re-eleição acabam usando e abusando da máqina partidária, fruto das benesses que tais cargos lhes oferecem.
Outro aspecto, a desvinculação das candidaturas entre postulantes a cargos majoritários (Presidente da República, Governadores e Senadores) e cargos proporcionais (deputados federais e estduais) permitem uma verdadeira salada de fruta, a mais completa mixórdia em termos de coligações e apoios, ,confundindo ainda mais a cabeça do eleitor,que imagina que o importante são os candidatos e jamais os partidos e alianças a que pertencerm.
Todavia,após as eleitos, os parlamentares federais e estaduais (deputados e senadores) acabam fazendo parte do governo ou da oposição. Muitas vezes os eleitores escolhem um parlamentar imaginando que o mesmo estará de um lado e quando menos percebe seu candidato trocou de lado, por ter recebido um quinhão da máquina pública, aparelhada pelos partidos, através do loteamento de cargos e outros favores, inclusive a liberação das famosas emendas parlamentares, que é a ante-sala da corrupção.Boa parte dos parlamentares acabam atuando como meros “despachantes de luxo”, jamais como legisladores.
Por tudo isso, mesmo que mais de 140 milhões de pessoas estejam cadastradas como eleitores e pouco mais de cem milhões devam comparecer `as urnas no próximo domingo, na verdade isto não faz do Brasil a maior democracia do mundo, quando muito uma falsa democracia e neste aspecto é um grande espetaculo para alimentar de um lado as esperanças e de outro as frustraçõess do povo brsileiro, pois os problemas que afetam o país e a vida da população vão continuar nos angustiando a partir desta próxima segunda feira após as eleições. Pouca coisa ou quase nada vai mudar apesar da euforia coletiva no dia das eleiçoes.Este pode ser apenas um triste espetáculo como no Império Romano: pão e circo para as massas!
Juacy da Silval professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
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