sábado, 7/setembro/2024
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Logística e o custo Brasil

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No sistema econômico existem três referências básicas ou susbsistemas: a) sub-sistema produtivo, responsável pela produção de bens e serviços; b) sub-sistema de consumo, destino final dos bens e serviços produzidos em qualquer país ou em uma escala global, planetária e c) o sub-sistema logístico responsável pela aproximação entre produtores e consumidores.

`A medida que um país ou internamente um estado ou região se desenvolvem a articulação entre esses três susb-sistemas precisa estar em perfeita harmonia, sob pena de frustar seus atores (produtores, distribuidores ou consumidores). Para garantir que o bem produzido chegue ao consumidor em tempo e os produtos em condições de serem consumidos é fundamental que tanto o setor privado quanto o governo exerçam adequadamente seus papéis e responsabilidades.

Quando a escala econômica amplia para niveis mais complexos e sofisticados como no caso do comércio exterior onde as distâncias e as dificuldades de transporte aumentam é importante a busca de eficiência, eficácia e efetividade, sob pena dos países que exportam ou importam acabem frustrados com a demora, a perda ou deterioração dos produtos. Se isto acontece por deficiência, seja do sistema de produção ou da logística a imagem tanto dos produtores privados quanto do país fica seriamente arranhada e ocorre perdas irreparáveis no contexto do comércio internacional.
Diante disto, é tão importante dinamizar o sistema produtivo, com a introdução de novas tecnologias e insumos modernos quanto melhorar significativamente o sistema de logística como forma de aumentar os lucros dos produtores e o acúmulo de divisas por parte do país. Não tem sentido, por exemplo, no caso do agronegócio brasileiro ou de outros setores que exportam matérias-primas serem considerados modernos e eficientes se a logística, boa parte da qual é de responsabilidade dos governos federal, estaduais ou municipais continuar em situação de completo abandono, deterioração, ou, enfim, um verdadeiro caos ou o chamado "apagão logístico" como vem ocorrendo nos últimos dez anos.

No ultimo domingo o Jornal O Globo trouxe uma matéria que exemplifica a situação em que se encontra a infra-estrutura rodoviária, portuária e outros aspectos relacionados com o escoamento da chamada super-safra que todos os anos acontece no Centro-Oeste, particularmente em Mato Grosso. Devido `a precariedade e estado deplorável das rodovias federais (o mesmo pode ser ditto da malha rodoviária estadual e municipal em todos os Estados e recantos do país), as perdas nas exportações de soja, milho e outros grãos chegam a oito bilhões de reais por ano. Se forem incluidos outros produtos tanto agropecuários quanto minerais ou bens industrializados, que também utilizam o transporte rodoviário, com certeza essas perdas podem superar a 30 bilhões por ano, uma parcela significativa das divisas oriundas das exportações brasileiras e, também, encarecendo as importações de maquinas, equipamentos e insumos necessários ao sistema produtivo.

Enquanto os países desenvolvidos e outros em processo de desenvolvimento como a China, índia, Rússia decidiram que as exportações ou importações de grãos , outros produtos agropecuários e minérios devem ser feito por ferrovias, como forma de baratear os custos de transporte e reduzir a poluição decorrente da queima de combustível fossil, os sucessivos governos em nosso país, influenciados pelo "lobby" da indústria automobilística e do petróleo e seus derivados continuam favorecendo o transporte rodoviário em detrimento do ferroviário ou aquaviário.
No Brasil 82% das cargas continuam sendo transportadas por rodovias enquanto nos EUA 40% são por hidrovias, 35% por ferrovias e apenas 25% por rodovias. Além desta opção equivocada que encarece os custos do trasporte, a nossa infra-estrutura rodoviária e portuária é uma vergonha.

Em 2011 o Brasil possuia 1,6 milhões de km de rodovias, sendo 1,3 milhões de km (81,3%) de malha municipal, nas condições que todos conhecem; 220 mil km (13,8%) de malha estadual e apenas 73 mil km (4,9%) de malha federal. Apenas 13% da malha rodoviária do país é asfaltada. Os EUA cuja área territorial é equivalente ao Brasil possui 4,3 milhões de rodovias, sendo que 99,5% das mesmas são asfaltadas e de boa/otima qualidade. Segundo pesquisa recente (2011) da CNT (Confederação Nacional dos Transportes ) 60% das rodovias brasileiras eram consideradas ruins ou de péssima qualidade.

É inadimissível que um país que é a sétima economia mundial e aspira posições de maior relevância no contexto internacional continue com infra-estrutura muito mais próximas de países atrasados, subdesenvolvidos e que podem ser considerados atores de quarta ou quinta cateogira em termos de peso politico e estratégico mundial. Parece que nossos governantes não percebem essas contradições entre belos discursos e a dureza da realidade. O caos logístico encarece sobremaneira o "custo Brasil".

Juacy da Silva, professor universitário, Fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, colaborador de Só Notícias
[email protected]
Twitter@profjuacy
Blog www.professorjuacy.blogspot.com

 

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