Provavelmente todos já fizemos listas. Existem listas de todo tipo. Lista de convidados para festa. Lista de compras no supermercado. Listas de cds, dvds… Listas de material escolar, listas do kit de arbitragem para os juízes (de futebol). Listas dos deputados que provavelmente receberam “mensalão” – a “lista de Jefferson”. Listas com um nome só: “Severinho” (do mensalinho). Listas de impostos. Listas de jurados (de concursos de beleza, do carnaval, de feira de ciências, de júri popular). Listas de sentenças vendidas por juízes (de direito) corruptos como o juiz Nicolau.
Listas e mais listas. Para aficionados por palavras cruzadas, lista é sinônimo de uma palavrinha de três letras, rol. Para os sindicalistas, professores, diretores de cinema, lista é elenco. “Temos um elenco de reivindicações”. “Os conteúdos estão elencados no plano de ensino”. “O elenco está quase pronto, vamos começar as gravações”.
Listas são necessidades de um mundo que sistematiza tudo, por isso são imprescindíveis. Facilitam nossa vida. “Otimizam” (os administradores adoram esse termo) o nosso tempo. “Liberam espaço” (os analistas de sistema gostam desses) na nossa memória. Listas são fundamentais, simplificam tudo. Mas nem sempre!
Por isso, eu penso que listas devem seguir alguns critérios. Por exemplo: na lista dos ingredientes da feijoada tem que necessariamente aparecer os pedaços que são considerados menos nobres na carne de porco, e eram destinados ao consumo nas senzalas, porque é isso que faz da feijoada, “a feijoada”. Então, o critério é simples: quando comemos feijoada, além de apreciarmos o sabor da mistura da lista de ingredientes, estamos nos alimentando também de cultura. E esse me parece um bom critério.
Assim como a lista dos “destaques do ano” também deve conter critérios que, ao menos, eliminem aqueles que também se destacaram pelo número maior de erros do que acertos. Já com relação aos componentes das bancas examinadoras de concursos públicos, é razoável supor que seus membros sejam totalmente alheios e desconhecidos dos candidatos aos cargos. E assim por diante.
E a lista de jurados que compõem o júri popular? Quais critérios obedecer? Quem serão as pessoas absolutamente isentas de motivações políticas, emocionais (…) que farão o papel de Deus na justiça dos homens e mulheres?
Não seria injusto delegar esta função a pessoas que estão próximas do cotidiano de réus e vítimas? Injusto para os próprios jurados. Mas talvez fosse mais injusto e desumano delegar a uma única pessoa: o meritíssimo.
É… Formulação complexa, afinal de contas não se trata de feijoada, tampouco pizza. Portanto, parece sensato esperar que a justiça saiba refletir acerca do fator local na composição das listas de jurados, para que os critérios de escolha sejam bem definidos e jamais pairem dúvidas sobre a impessoalidade de seus membros. Enquanto isso, seguimos listando, produzindo e reproduzindo critérios para nossas listas.
João Batista Lopes da Silva
Professor na Universidade do Estado de Mato Grosso
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