Quantas vezes recusamos receber uma ajuda só porque a pessoa que se propõem a nos ajudar está em dificuldade, e quantas vezes até, recusamos um presente só porque a pessoa que nos oferece é pré-julgada pelas aparências momentâneas.
Tudo aqui no Centro da América do Sul é motivo para festa, e um aniversário nunca passa em branco, e num jantar comemorativo ao aniversário do Sr. Bisogó, que era mais idoso da família, e já tinha muita dificuldade ao levantar e ao caminhar, decidiu que em homenagem aos parentes presentes, deveria servir um copo de suco de Manga a todos para demonstrar a sua felicidade.
E, observado por todos, Sr. Bisogó seguiu com muita dificuldade em direção a cada pessoa sentada na mesa. E, todos o agradeciam e não recebiam o copo de suco. Talvez porque achavam que não mereciam qualquer sacrifício do idoso Sr. Bisogó, pelo estado em que ele se encontrava.
Mas ao final, depois de todo sacrifício, apenas um dos convidados, o Senhor Zeca, aceitou ser servido pelo aniversariante, que estava doente e cansado pelas dores que o mal do câncer o causava.
Mas Zeca, foi duramente repreendido pela esposa que estava ao seu lado, disse:
– Você não viu que o aniversariante tinha dificuldade de levantar e caminhar?
– Você não viu que o aniversariante não tinha força para levantar a garrafa de suco?
– Você não notou que o aniversariante tinha suas mãos tremulas e sem força?
Que vergonha Zeca.
Mas Zeca, que foi o único que recebeu o suco, respondeu:
– nunca eu iria deixar de receber essa homenagem proporcionada por uma pessoa que, com o sacrifício, fez manifestar uma boa ação que o ser humano pouco usa: dar sem pensar em receber, e sentir útil e feliz por ainda estar vivo.
Muitos de nós não temos a humildade de saber receber e às vezes até impedimos que o bem possa manifestar ao interrompermos a alegria de quem sente o prazer de compartilhar.
É importante termos em mente que a vida se completa quando as partes se juntam em ações amorosas, o orgulho de achar que somos perfeitos nos afasta de receber algo de alguém que valoriza o ato e não somente o produto. As pessoas pelo poder do consumismo estão dando mais valor às embalagens do que ao conteúdo e por isso deixam de receber as bênçãos de estar vivo e poder partilhar o lado bom da união da família.
Ao receber, devemos agradecer a Deus por que fomos merecedores. O ato de dar, ficará, ainda mais completo quando as pessoas recebedoras sentem felizes e homenageadas.
O importante é entender que nem tudo está perdido, muitas pessoas agem em função do melhor para dar exemplo as outras pessoas, e as suas dores e amarguras de hoje, ao exercer a vontade do bem e com bons atos, estas lições poderão ser a sementeira produtiva de alegrias e do reconhecimento dos atos de amor, tão escassos nos dias de hoje.
Wilson Carlos Fuáh é economista, especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas em Mato Grosso
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