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Leitura obrigatória

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O prefeito Marlon dos Santos, de Cachoeira do Sul, cidade de 90 mil moradores e distante cerca de 200 km de Porto Alegre (RS), ganhou espaço nobre da TV, nesta semana, como estrela de uma ação administrativa inusitada: decretou que todos os 140 funcionários de confiança (os “DAS”) são obrigados a ler um livro por mês e apresentar um resumo ao Departamento de Pessoal. Sob pena de demissão por justa causa.

Muitos apoiaram a decisão, outros acharam que é “um abuso”. Mas, em entrevistas, os próprios servidores reconheceram que, com o tempo, a leitura, ainda que forçada, estava fazendo um bem danado. A leitura é de livros com temas esotéricos e de auto-ajuda.

O prefeito gaúcho, segundo o noticiário, anda tão eufórico com o resultado de sua “revolução cultural” que, por assim dizer, alimenta a fome de saber dos funcionários, que já pensa em ampliar o decreto. Em breve, todos os 1.800 servidores concursados terão que escrever textos. A produção final vai virar um livro.

Ler é, antes de tudo, um prazer. O prefeito exagerou na dose ao obrigar alguns a fazerem o que não gostam. Mas, num país como o Brasil, onde parte considerável da população – principalmente os jovens – tem aversão à leitura ou não dispõe de mecanismos que facilitem o acesso aos livros, a atitude do prefeito Marlon merece atenção. Serviria até de exemplo para outras cidades. Como Cuiabá – para não ir longe -, onde as bibliotecas ficam fechadas a maior parte do tempo. E o Poder Público não se mexe para promover ações que despertem o interesse pela leitura.

A ação do prefeito gaúcho é oportuna para reflexões acerca da falta de uma política séria de incentivo à leitura. Ainda mais, num país onde o próprio presidente da República é o primeiro a dar mau exemplo. A propósito, é por demais oportuno um artigo que o jornalista Augusto Nunes publica, nesta semana, no site “No Mínimo” e cujos principais trechos reproduzo a seguir:

1. Antes da gravação do programa Roda Viva, no fim do ano, no Palácio do Planalto, o jornalista Paulo Markun aproximou-se de Lula para combinar um último detalhe e entregou uma trilogia com as melhores entrevistas desde a estréia do programa da TV Cultura, 18 anos atrás.

2. Com expressão curiosa, Lula apanhou os livros. Markun informou que só o primeiro volume fora concluído. Os outros paravam na capa. As páginas estavam em branco. Lula devolveu o que estava pronto e folheou os desprovidos de palavras. ‘Isso é que é livro bom’, comentou. ‘A gente nem precisa ler’. O entrevistado parecia feliz. Os entrevistadores exibiam sorrisos constrangidos.

3. Não houve surpresa. Todos conheciam a aversão de Lula à leitura – qualquer tipo de leitura. ‘Ler é pior que fazer exercício em esteira’, confessou há tempos o presidente de um País atulhado de analfabetos, com um sistema educacional em frangalhos, incapaz de absorver multidões de crianças traídas.

4. Milhões de meninos no Brasil, tão pobres quanto Lula foi (ou ainda mais miseráveis), enfrentam fome crônica e carências inverossímeis para assimilar conhecimentos. Essas crianças valentes não merecem ouvir do presidente o elogio da ignorância.

5. Lula nunca leu um livro. Não escreve uma só frase sem derrapar em erros graves de Português. Mas os chefes do PT, amparados por intelectuais demagogos, decidiram que um migrante nordestino promovido a líder de massas deve ser dispensado de cobranças elitistas. Diplomado pela escola da vida, Lula ganhou o direito de, impunemente, maltratar o idioma e dizer tolices sobre tudo.

De bom mesmo, em meio a tanta coisa ruim que desfila na mídia, uma notícia ótima que ainda não foi divulgada: em março, o Governo do Estado lança a segunda edição da Literamérica. Em 2005, o Estado deu um passo histórico na integração cultural da América do Sul, com a Feira Sul-Americana do Livro. E festeja o fato de que foi atingida a meta de fomentar a leitura, tornando o acesso ao livro mais democrático, além de buscar apoiar a criação e a produção literárias. Falta o resultado prático nas escolas.

Quanto ao glorioso presidente Lula, que ninguém siga o exemplo de quem não estudou porque não quis. Não aprendeu lições básicas por pura preguiça. E acha que leitura é pior que exercício em esteira.

* Antonio de Souza, jornalista, é consultor de Comunicação da Oficina do Texto – Marketing & Assessoria de Imprensa, em Cuiabá.
[email protected]

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